Desembargadores do Tribunal de Justiça do Amazonas não precisam pagar plano de saúde, nem para eles nem para seus parentes. É que o governo estadual garante todo e qualquer tratamento, nos hospitais mais caros do país. Foi o que revelou reportagem do Fantástico, na Globo, na edição deste último domingo. Os gastos superam a casa dos milhões de reais durante alguns anos.  

 

Os amigos da corte também não se preocupavam com a manutenção da saúde em dia. Qualquer espirro ou dorzinha de barriga, eles tinham à disposição os melhores centros médicos e os medicamentos necessários, não importava o preço. Afinal, a conta vai para os cofres públicos. Enquanto isso, como se vê em todo o país, a população dorme nas filas para uma consulta no SUS.

 

Um dos beneficiados da ação criminosa era o próprio presidente do TJ-AM. Tem de tudo na investigação do caso. O plano de saúde clandestino bancou tratamento para um colunista social, incluindo internação no Sírio Libanês, endereço dos enfermos da elite nacional. A conta foi de aproximadamente 800 mil reais. Isso mesmo. Todo esse valor para um único paciente.

 

Para a reportagem, a Secretaria de Saúde do Amazonas informou que cumpria ordens dos senhores do tribunal. Na verdade, era uma sociedade entre os poderes Executivo e Judiciário. Era um lavando a mão do outro, e a safadeza garantia a mamata para as duas quadrilhas. Aquilo ali mostra um método, uma centenária tradição brasileira. Com a grife luxuosa da toga.

 

Enquanto isso Roberto Barroso e Luiz Fux, duas vozes equilibradas do STF, passeiam pelo mundo denunciando a corrupção da política e das empresas privadas no Brasil. Sobre o Judiciário, nada a declarar. É tudo gente honesta. A imprensa estrangeira fala até no Governo de Juízes que toma conta de nossas vidas. Está ótimo. Basta ver o excepcional padrão amazônico.