Enquanto o Brasil prestava atenção ao caso Lula, a sexta-feira, 6 de abril, também foi dia de fechamentos de acordos, propostas de compra & venda e lances ousados no leilão republicano da política. Acabou o prazo oficial para mudança de legenda a tempo da eleição de outubro. A última informação que vi era de que uns 60 deputados federais trocaram de bando. Todos eles – e nem seria preciso dizer – movidos exclusivamente por altruísmo e convicções ideológicas.  

 

Até onde sei, os partidos que mais atraíram desertores de outras legendas foram o DEM e o PSL. Vejam que dado sintomático! São duas agremiações no campo da direita. Nada existe por ação das divindades, naturalmente. O Democratas tem como sua estrela de maior brilho o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Já o PSL é o covil chefiado por Jair Bolsonaro. Sinal de que o país avança.

 

Amigos com mais estômago que eu para enfrentar o debate sobre a política alagoana me dizem que por aqui a mudança de lado, assim como nos demais estados, também foi intensa. Confesso que não tive paciência para destrinchar as múltiplas frentes no vaivém de nomes nos casamentos e divórcios em nossa paróquia. Sei que houve de tudo e mais um pouco para selar rentáveis alianças.

 

Esgotou-se também o prazo geral para filiações de todo aquele com intenções de disputar a preferência das urnas. Por isso, empresários, jornalistas, advogados, sindicalistas, professores, profissionais liberais e gente de muitas áreas engrossaram os números de adesão a um partido político. Agora todos estão aptos a cair em campo nas maquinações de uma candidatura.

 

Retorno à direita. Como disse acima, um dos partidos que mais se beneficiaram com novas filiações foi o PSL de Bolsonaro. E essa onda tem uma marola também na praia alagoana. Acabo de saber que empresários por essas bandas estão fascinados com o pensamento liberal – moderno e renovado – que enxergam no deputado adepto da filosofia do fuzil. Parem as máquinas!

 

Esses liberais homens de negócio já foram vistos em passeatas à beira-mar, embrulhados no verde e amarelo da bandeira nacional, ornamentada com uma cruz. São chefes de família, penitentes cristãos e zelosos patriarcas do lar. Também são chegados a um 38 – para defender seus nobres princípios. E haja modernidade nessa abadia! De fato, a eleição que vem aí tem tudo para salvar o Brasil.

 

Eu teria mais coisas a dizer sobre essa renovação na vida pública brasileira. Mas prefiro aguardar por mais informações sobre esse bloco empresarial alagoano – que reza para Jesus e acende velas para o saudável espírito bolsonarista. Estou ansioso para conhecer avançadas lições de tiro e catecismo.