A quase candidatura do chefe do Ministério Público Estadual

04/04/2018 01:53 - Blog do Celio Gomes
Por Redação
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Não é nada do outro mundo, mas está chegando um momento sempre importante em ano de eleições. A partir desta quarta-feira, são três dias até o fim do prazo de filiação partidária para quem pretende ser candidato na disputa pelo voto. Sete de abril também é o limite para agentes públicos deixarem os cargos – também se quiserem testar a popularidade nas urnas. A agitação é forte.

 

Como nunca deveria ocorrer, um dos ambientes mais contaminados pelo clima pré-eleitoral é o Ministério Público de Alagoas. Não lembro quando tivemos um panorama semelhante ao de hoje. Suponho ser algo inédito. O assunto mais debatido na instituição passa longe de processos, investigações ou termos de ajustamento de conduta. Tudo por lá gira em torno da eleição.

 

É natural. O ineditismo está no fato de o chefe do MPE ter mergulhado de cabeça no mundo da política. Há praticamente um ano, cogita-se a candidatura do procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça, a algum cargo – nada menos que a senador ou a governador. Nesse período, o que não faltou foram reuniões e mais reuniões para debater a viabilidade dessa renovadora ideia.

 

O procurador, sempre cauteloso em público, turbinou, em particular, todo tipo de especulação em torno de sua eventual aposta como candidato. Não foi por acaso que, ao longo dos meses, a cada temporada, surgiram novidades quanto à tendência da hora. Mendonça recebeu convites, conversou com caciques partidários, avaliou pesquisas, apresentou condições a diferentes legendas...

 

Agora, depois de fabricar as maiores expectativas, parece que o procurador teria desistido de sua ambição em servir ao povo com um mandato eletivo. Como as jogadas políticas podem mudar tudo a cada semana, o cenário posto hoje está longe de garantir ao chefe do MP uma perspectiva de vitória nas urnas. Diante da incerteza, ele estaria prestes a anunciar que fica no cargo.

 

Caso a tendência de não se candidatar seja confirmada, o procurador adia o sonho da política para 2020, quando poderá concorrer ao cargo de prefeito de Maceió. Aliás, quem acompanha de perto os lances dos tais bastidores da política – não é o meu caso – diz que o desejo acalentado pelo homem é mesmo a prefeitura. O Senado sempre foi uma alternativa menos atraente.

 

Pensando sobre o caso do chefe do MP, é inescapável a comparação com o prefeito Rui Palmeira. Assim como o tucano, Mendonça faz suspense até a última hora quanto à sua decisão. E também como Rui, a demora acabou virando um complicador nos planos eleitorais. A indecisão fechou portas e atraiu obstáculos. De todo modo, manda a prudência que esperemos até o fim.

 

Enquanto isso, como falei, o nervosismo e a instabilidade tomaram conta da instituição – sempre tão carregada de demandas graves sobre a vida pública no estado. O limite dos prazos legais deve trazer, em tese pelo menos, um pouco mais de calma entre as autoridades do Ministério Público. Com o desfecho do impasse, o foco por lá volta para investigações e processos em andamento.

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