Futebol & Política: bola fora e gol contra

24/03/2018 00:41 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Roberto Dinamite, o maior ídolo da história do Vasco da Gama, decidiu, lá atrás, que mudaria de jogo. Entrou para a política partidária, ganhou eleições e exerceu mandatos de vereador e deputado estadual pelo Rio de Janeiro. Em 2014, após várias reeleições, o eterno centroavante sofreu uma derrota acachapante. Obteve pouco mais de 9 mil votos – e retornou para casa. São muitos os casos de jogadores que tentam mudar de esporte, trocando a bola pelo voto popular.

 

Mas a jogada não parece muito eficiente. Ou, dizendo de outro modo, a torcida não parece disposta a embarcar em qualquer esquema tático eleitoral – mesmo que o candidato tenha sido um monstro dentro das quatro linhas. Raul Plassmann, goleiro do Cruzeiro e do Flamengo, tentou ser deputado federal, mas fracassou na eleição de quatro anos atrás. Marcelinho Carioca, do Corinthians e da Seleção, já disputou três eleições consecutivas. Perdeu todas de goleada.

 

No lado oposto, Romário, Deley, Jardel e Bebeto estão entre os ex-jogadores que hoje exercem algum mandato legislativo, nos estados ou no parlamento federal. Em Alagoas, a cada disputa vemos nomes que jogaram em times do estado, principalmente CSA e CRB, tentarem um gol na política. Até onde a memória alcança, não lembro de nenhum ídolo que tenha se dado bem nas urnas. Entre nós, o hábito é eleger não o jogador, mas cartolas que comandam os clubes.

 

Escrevo tudo isso após ler a notícia sobre a virtual candidatura de Ronaldinho Gaúcho. Eleito pela Fifa o melhor jogador do mundo em 2004 e 2005, ele acaba de se filiar ao PRB, a sigla abençoada pela Igreja Universal, de Edir Macedo e do prefeito Marcelo Crivella. Os donos do partido ainda não decidiram se o atacante será candidato a deputado ou a senador. Outro nome de peso na legenda é o de Celso Russomano, dublê de jornalista que mais parece um boneco de cera.

 

Desconheço as qualidades intelectuais de Ronaldinho Gaúcho para exercer cargo na vida pública. Nos últimos anos, enquanto seu futebol descia a ladeira, subia sua fama de pouca disposição ao trabalho nos clubes. Treino, para ele, passou a ser tão dilacerante quanto uma sessão de tortura. Por isso, abreviou a carreira que poderia ter sido bem mais vitoriosa. Com a política do jeito que está, Gaúcho espera ser tratado como craque. Pelo histórico, o lance tem todo jeito de gol contra.

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