Rui Palmeira: como anunciar uma “bomba”

12/03/2018 23:30 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Vários textos publicados aqui nos últimos meses têm como assunto a eventual candidatura do prefeito Rui Palmeira a governador. Sempre defendi que disputar a eleição, este ano, não parece o melhor caminho político para o tucano. Mas tudo e todos garantiam, desde o ano passado, que o homem era candidato, e nada mudaria esse destino. Pois deu-se o contrário. Num vídeo na internet, ele informa que não disputará a eleição. Diz que tocará os projetos na prefeitura.

 

É como no futebol. O jogo só acaba quando termina, depois que o juiz apita no último segundo dos acréscimos da prorrogação. Arriscar um veredito, a sentença definitiva, é mais perigoso que embarcar em previsões de especialistas nas ciências da política. Estávamos todos à espera de uma confirmação por parte de Rui Palmeira. E ele veio com uma resposta negativa aos apelos e às pressões que o atingiam a partir de todas as direções. Deu um nó em nossa imprensa.

 

Rui não perde nada ficando no cargo até o fim de seu segundo mandato. Aliás, é algo a ser visto como qualidade, bem diferente da tradição de lagar a cadeira e partir atrás de mais poder – afinal é para isso que se disputa uma eleição. Tomando o rumo contrário ao oportunismo rotineiro, o prefeito pode se apresentar como “cumpridor de promessas”. Sem falar que a decisão livra Rui de um risco fatal: uma derrota nas urnas seria sua tragédia. 

 

Como o anúncio do prefeito não dá detalhes sobre sua posição, a partir de agora, no processo eleitoral, fica-se com o mistério sobre quem será o candidato a governador no grupo que comanda a prefeitura. Sabe-se que as pressões eram fortíssimas sobre Rui. Diga-se a seu favor, que ele nunca acenou, ao menos publicamente, com a intenção de ser candidato. Pareceu sempre que esteve mais longe do que perto de uma candidatura. Procura-se um adversário para Renan Filho.

 

Um dado curioso é a forma como recebemos a informação política mais relevante dos últimos tempos em Alagoas. Rui se vale de uma gravação amadora, com imagem sem definição, para comunicar uma “bomba” à população em geral e aos aliados em particular. Nada de entrevista coletiva nem explicações aprofundadas sobre as motivações de tal decisão. A escolha por um vídeo artesanal não parece ter sido um acaso. Rui produz um terremoto com um gesto trivial.

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