O candidato a presidente favorito entre artistas e modernosos

05/03/2018 02:27 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Perguntei a um professor do Instituto Federal de Alagoas, pessoa de quem sou próximo, o que ele pensa da candidatura de Guilherme Boulos a presidente da República. Sua resposta: “Tem esse também? Nunca ouvir falar. Quem é?”. Suspeito que a desinformação de meu interlocutor sobre a figura em questão está longe de ser um caso isolado. O brasileiro desconhece o candidato.

 

Boulos é o presidente do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto. O MTST nasceu em São Paulo e hoje promove ocupações generalizadas de prédios na capital paulista. Também é dado a bloquear rodovias. Mas a entidade é muito mais que isso. Em pouco tempo, se transformou numa frente de militância cuja meta principal é a conquista do poder político.

 

O pessoal mostra ousadia e disposição para a guerra. Na página do movimento na internet, o MTST informa que seu grande objetivo é combater “o capital e o Estado que representa os interesses capitalistas”. Para o grupo, somente o socialismo serve ao país. Lá estão descritos também os métodos de atuação em defesa da causa. Sem exagero, parece uma cartilha stalinista.

 

Mas, num seleto eleitorado, formado por artistas e celebridades, o ibope de Boulos é de cem por cento. O lançamento da candidatura contou, entre outros, com Caetano Veloso, Wagner Moura, Sônia Braga, Mônica Iozzi e Paula Lavigne. Essa patota, aliás, costuma promover reuniões políticas no apartamento de Caetano, para traçar os rumos do que se pretende uma ação revolucionária.

 

Se aquele meu interlocutor não conhece Boulos, menos ainda sua parceira escalada para ser candidata a vice na chapa. Trata-se de Sônia Guajajara, a líder indígena que dividiu o palco com alguma inutilidade pop durante o Rock in Rio do ano passado. A ideia é vender a imagem de um bloco antenado às demandas dos “povos excluídos e marginalizados na sociedade”.

 

O presidente do MTST não veio da periferia, muito menos da pobreza. O homem nasceu em família rica, nunca trabalhou na vida e sempre usufruiu da mesada dos pais – certamente dois miseráveis capitalistas. Seduzido pelos ideais de rebeldia e contestação – princípios que pululam na modernosa balada paulistana – Boulos aderiu à guerrilha aventureira. Pensou em Esquerda Caviar? É por aí.

 

O pré-candidato e sua vice ainda vão se filiar a um partido para poder concorrer. A legenda escolhida é o glorioso PSOL. A partir daí, é contar com o exército de intelectuais e de astros de cinema, música e TV para deslanchar a campanha. Quanto ao povo – que desconhece tudo isso –, naturalmente será convencido pelo poder de persuasão dos artistas. É o que pensa a trupe.

    

Como nada existe por acaso, os delírios políticos dessa rapaziada têm história. Ao longo do século 20, no Brasil e mundo afora, sobram exemplos de períodos nos quais estrelas do ambiente artístico se autoproclamaram representantes dos trabalhadores. Só esqueceram de combinar justamente com esses mesmos trabalhadores. É o que temos com a dupla Boulos-Guajajara.

 

Por que é assim? Porque a esquerda puro-sangue jamais abandonou a ideia de que o povão precisa de iluminados para guiá-lo. É essencial doutrinar as massas para tirá-las da alienação e reinventá-las como “agentes da transformação”. Ora, na base desse pensamento está um completo desprezo pela “classe” que esses revolucionários dizem representar. Não há novidade nesse cacoete.

 

Caetano Veloso é um monstro como cantor e compositor. Wagner Moura é um ator mais ou menos. Mônica Iozzi é dublê de atriz, de humorista e de apresentadora de televisão. Cada um no seu quadrado tem uma obra que vale quanto pesa. Como pensadores políticos, valem um trocado. 

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