A compra de deputados e senadores

04/03/2018 00:12 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Vai começar oficialmente o leilão para a troca de partido de olho nas eleições de outubro. Entre 7 de março e 7 de abril temos a “janela de transferência”, período de 30 dias para os detentores de mandato mudarem de legenda, se assim desejarem, dentro das normas do processo eleitoral. E exatamente como se dá na janela do futebol europeu, as cifras são milionárias.

 

Às vésperas do início do prazo para a migração partidária, os corredores do Congresso Nacional vivem dias de agitação e nervosismo. Os lances pelo passe de deputados e senadores são vultosos. É o que já mostraram, por exemplo, reportagens na Folha e no Estadão. Em meio a escândalos de corrupção, o dinheiro segue decidindo a parada.

 

Os parlamentares são assediados por representantes de várias siglas com a oferta tentadora para a mudança de filiação. A verba está garantida pela fortuna a que as agremiações têm direito como fundo partidário. Segundo os relatos, a abordagem é escancarada. Os alvos são praticamente caçados a laço pelos mercadores da política brasileira. Os negócios correm soltos.

 

Partidos buscam principalmente os potenciais puxadores de voto. Com as novas regras, ninguém quer correr o risco de não alcançar a votação necessária para garantir a sobrevivência e o acesso ao tal fundo. É o que prevê a chamada minirreforma aprovada no ano passado. A agressiva tática para pescar novos filiados com mandato já provoca briga entre os gigantes do jogo eleitoral.

 

Os fanáticos pelo arrastão da Lava Jato venderam a profecia de que as operações policialescas mudariam tudo na atividade política. Ainda segundo esse mesmo raciocínio, os efeitos das denúncias e as prisões em série fariam o eleitor banir da vida pública os corruptos do Congresso. Sendo assim, haverá então uma renovação radical do parlamento quando as urnas forem abertas.

 

Nem uma coisa nem outra. Os métodos de cooptação continuam os mesmos, com a explícita compra de deputados e senadores; e pesquisas já indicam que a tendência mais provável é de que a maioria na Câmara e no Senado seja reeleita. Parece, portanto, que a força bruta policial, em parceria com o Ministério Público, pode ser capaz de tudo, menos de melhorar a política.

 

Confesso que não sei se há, neste momento, parlamentares alagoanos em negociações para trocar de partido. O que sei é que estamos nas cabeças entre os líderes de bancadas que trabalham para fortalecer suas tropas. Vamos torcer para que nossas lideranças estejam trabalhando sem fazer propostas, digamos, antirrepublicanas. Seja como for, a casa de leilão já abriu o expediente.

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