Lula à porta da cadeia, tucanos e PT

02/03/2018 13:21 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Todos os dias, um número incalculável de jornalistas, analistas políticos e palpiteiros em geral escreve na imprensa sobre os rumos do PT e, principalmente, sobre o destino eleitoral de Lula. É chute pra todo lado, mas a maioria tende a concordar num ponto: o ex-presidente está fora da eleição. Sobre a prisão, aí parece haver ainda alguma dúvida na cabeça de uns poucos. Seja como for, do jeito que as coisas correram até agora, o futuro próximo é sombrio para Lula.

 

As perguntas sem resposta abrem uma avenida para especulações de toda ordem. Sem Lula, quem será o candidato petista? O PT pode apoiar um nome de outra legenda? Sendo preso, Lula é um cabo eleitoral mais fraco ou mais forte? Eventual mobilização nas ruas é algo provável ou não? Impedido de se candidatar, pela Lei da Ficha Limpa, Lula apoiará um petista do núcleo duro do partido ou pode sacar um novo “poste” – como Dilma Rousseff nas eleições de 2010?

 

Ao falar sobre tudo isso em entrevista exclusiva à Folha de S. Paulo, o ex-presidente se recusa a contemplar qualquer hipótese que não seja sua própria candidatura. Diz ter certeza de que o STF mudará a decisão de Sergio Moro e da segunda instância e, assim, ele estará livre para brigar nas urnas. É claro que essa é a postura de quem não quer jogar a toalha. E é por essa razão, bastante óbvia e previsível, que ele trata os fatos como se estivesse flutuando, acima da realidade.

 

Enquanto o cenário definitivo sobre Lula não estiver legalmente desenhado, os dilemas e as incertezas tornam o ambiente no PT, e na esquerda em geral, cada vez mais tenso. Por isso, a três por quatro as lideranças nesse campo – algumas com intenção de se candidatar – trocam bordoadas entre si. PDT, PC do B, PSB, Rede e PSOL, por exemplo, atiram contra todos, mordem e sopram o lulismo e se mostram tão perdidos quanto o próprio PT.

 

Na entrevista à Folha, Lula está eloquente, fala com uma tranquilidade que não combina com a situação de um homem acossado, na iminência de ser preso. Entre uma ironia e outra, ele diz algo que, embora não seja uma grande descoberta, chama atenção para um dado que não vi entre aqueles incontáveis analistas: “Pela direita, ninguém será presidente sem o apoio dos tucanos. Pela esquerda, ninguém será presidente sem o PT”. Segundo o que aí está, a observação faz todo sentido.

 

Na pergunta seguinte, o entrevistado resume de maneira ainda mais simples e direta o que acha que teremos em outubro nas urnas. “Eu, se entendo um pouco de política, vou dizer uma coisa: a disputa deverá ser outra vez entre tucanos e PT”. De política, Lula de fato entende bastante, e isso não dá para negar. Então, pode-se até dizer que estaremos entre três opções na hora do voto: um tucano, um petista e um bolsonarista. Se você queria novidade, o panorama é esse.

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