Interesses eleitorais tumultuam o trabalho no Ministério Público

28/02/2018 18:05 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Quando as instituições orientam suas agendas em função de demandas políticas, a consequência mais inofensiva é a turbulência interna. Se a fogueira das vaidades é fenômeno incontrolável, mesmo em clima de normalidade, imagine quando interesses eleitorais dominam o ambiente de trabalho. Temos um colapso. É o que ocorre desde o ano passado no Ministério Público Estadual em Alagoas.

 

Tudo isso decorre naturalmente dos objetivos político-partidários evidentes na atuação do procurador-geral de Justiça, Alfredo Gaspar de Mendonça. Candidatíssimo nas eleições deste ano, o chefe do MP sonha com uma cadeira de senador a qualquer custo. É sua causa única e exclusiva na busca por uma nova carreira profissional. Dizem por aí que tem boas chances de êxito.

 

Como todo cidadão brasileiro, o procurador tem pleno direito de fazer suas escolhas. Se decidiu entrar para o mundo da política e exercer mandato no Legislativo, aí é com ele. A encrenca é a forma como isso se dá. No exercício do cargo, em meio a investigações que envolvem autoridades, o chefe do MP tem suas ações postas em xeque, por suspeita de falta de isenção.

 

Embora não tenha feito pesquisa a respeito, creio que o MP alagoano vive uma quadra inédita. Nunca um procurador-geral esteve tão engajado em negociações políticas quanto nos dias de hoje – nas vésperas da eleição e como virtual candidato. A julgar pelo que se publica, Mendonça avalia propostas de filiação partidária que vão do socialismo romântico à filosofia bolsonarista.

 

Como se vê, parece que a paleta ideológica do procurador é bastante eclética. Na internet, ele é o herói dos adeptos da candidatura de Jair Bolsonaro. Os seguidores do troglodita adoram o jeitão “prendo e arrebento” visto nas declarações de Mendonça. Como eles têm certeza de que podem “consertar” o Brasil, fico aqui curioso sobre os planos específicos para Alagoas.

 

E pensar que faz mais de um ano que o Ministério Público vive nessa delicada encruzilhada: não sabe se vira a esquina para o trabalho ou atravessa para o lado oposto, onde estão a militância política e o mercadão de votos. Enquanto se misturam as duas direções, pior para os interesses da sociedade. Resta torcer para que o mês de abril chegue logo e o chefe do MP se livre do pesado dilema.

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