De repente, descobre-se que dois pesos pesados – ambos com trajetória de êxito no Ministério Público Estadual – estão em guerra por causa de escolhas políticas e eleitorais. Pelo menos é isso o que parece, após um episódio envolvendo a divulgação de uma enquete sobre as intenções de voto para senador. O clima azedou entre Eduardo Tavares Mendes e Alfredo Gaspar de Mendonça.

Tavares é prefeito de Traipu. Está no primeiro mandato, mas já cogita largar a prefeitura para um salto maior, talvez a Câmara dos Deputados ou até mesmo o Senado. Antes de entrar para a vida partidária, chegou ao topo no MP ao ser escolhido para o cargo de procurador-geral de Justiça. Foi também secretário de Segurança no governo de Teotonio Vilela Filho.  

Na cadeira de chefe do MP, hoje, está justamente Alfredo Gaspar. Assim como o colega de instituição, ele também se encantou pela seara partidária; é mais candidato do que nunca e, como resta evidente, não vê a hora de trocar de carreira profissional. Alfredo tem até fã clube – como uma associação de policiais federais com forte militância nas redes sociais.

Falei em guerra. O termo exagerado se justifica pelo tom de uma nota divulgada pelo prefeito Eduardo Tavares. O longo texto foi noticiado pela imprensa e pode ser lido neste site. As palavras raivosas certamente não traduzem um sentimento repentino, algo que tenha surgido em cima da hora. Ao contrário, pode-se deduzir que o palavreado enfurecido expõe mal-estar de algum tempo.    

Até o momento em que escrevo, não soube de nenhuma manifestação de Alfredo Gaspar em resposta ao agora ex-amigo. A história me parece irrelevante, sem qualquer desdobramento nos rumos das eleições. Mas não se pode ignorar que estamos falando de dois integrantes de uma instituição que, sabemos todos, se pretende baliza moral e ética da sociedade.

Eduardo Tavares e Alfredo Gaspar concordam num ponto: os dois dizem desprezar os políticos em geral. Para higienizar o ambiente e elevar o padrão na vida pública, mostram-se engajados em projetos ambiciosos. Tudo em nome de uma política saudável, dedicada aos interesses coletivos, longe de esquemas suspeitos e da corrupção. É esperar pelas valorosas candidaturas.