O fracasso na política de segurança – e por que a taxa de homicídios não recua

05/02/2018 00:06 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

O Rio de Janeiro, dizem por aí, continua lindo e descolado. O Ceará, onde mais se conta piada, produz um novo humorista a cada semana. E Alagoas, terra em que o Pinto da Madrugada é patrimônio imaterial, embala turistas nas jangadas da Pajuçara. O que os três estados têm em comum? Se você pensou em violência e chacina, lamentavelmente acertou. Seja no âmbito regional, seja na esfera da União, o país não consegue emplacar uma política de segurança digna do nome.

 

Por aqui, o governo acaba de confirmar que o número de homicídios cresceu nos três últimos anos – 2015, 2016 e 2017. A cada doze meses, são quase dois mil assassinatos, uma aberração tomada como natural em decorrência da fixação da estatística no topo dos levantamentos periódicos. Sai governo, entra governo, e o desafio segue humilhando cada gestor e suas brilhantes ideias. O que se passa, afinal, que nenhuma gestão consegue derrubar o índice da morte? E qual a saída?

 

Não sei. Mas tenho certeza de uma coisa: na cabecinha de nossos secretários de segurança, a filosofia de combate ao crime é toscamente errada. Nos governos que passaram, e também no atual, aposta-se tudo na força bruta, na porrada em cima dos “marginais”, nas ocupações dos bairros pobres da periferia, na caçada humana pelas bibocas em grotas e favelas. E acaba por aí. Polícia Científica e Serviço de Inteligência nessa área não existem, a não ser em peça publicitária.

 

Para chefiar as polícias estaduais, governadores apostam alternadamente em delegados (civis ou federais), coronéis e promotores do Ministério Público. Mudam as credenciais e as estrelas na farda, mas a mentalidade nunca foge à regra de ouro do prende e arrebenta. Em Alagoas, nos últimos anos, a moda é invadir bairros, por terra e ar, no meio da madrugada, para promover limpeza ampla, geral e irrestrita. Numa dessas investidas, o helicóptero caiu, matando quatro policiais.

 

Há muito tempo, a crise é geral. Do Rio a Alagoas, passando por Ceará e outros exemplos, portanto, a política de combate à violência não vai além do fuzil na cara do povo. E disso, a gente sabe, promotores, delegados e coronéis entendem bastante. No curto prazo, a metodologia da truculência pode até enganar os tolos e servir aos parceiros de governos, mas logo a realidade se impõe, implacável. É o que vemos por essas bandas, infelizmente, ontem e hoje. Periga ser para sempre.

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