No início desse mês de dezembro, a Globo noticiou o encerramento de um cassino ilegal em Vila Velha/ES. O assunto é tema quente do momento, numa altura em que Brasília está debatendo a possibilidade de o jogo ser liberado e regulado, acabando com a proibição que vem de 1946. O projeto de lei deverá incluir a liberação dos cassinos, máquinas caça-níquel, bingo e jogo do bicho. Ainda não é totalmente certo o que a lei final vai dizer, mas espera-se que cada estado possa ter pelo menos um cassino, e que os estados com maior população possam ter até três.
A Globo reportou que o cassino clandestino de Praia da Costa, em Vila Velha, não era nenhuma “espelunca” para jogar pôquer, nem frequentada por marginais. Pelo contrário, era um estabelecimento de classe média-alta, com o maior conforto e especializado em máquinas caça-níquel. A Delegacia de Costumes e Diversões recebeu uma denúncia e no local encontrou, segundo o delegado falou à Globo, “serviço de comidas e bebidas” e “máquinas diferenciadas e de alto padrão”, como “nunca tinha visto igual”.
O delegado falou também que o público alvo é jovem, entre os 30 e 40 anos, e falou de dois casos lamentáveis. Um jogador revelou seu vício e contou que sua família reza para ele parar de jogar. Outro jogador, esse já idoso, falou que a casa emprestava dinheiro aos jogadores para continuarem jogando.
Cassinos sem regulação não serão piores?
Os adversários da liberação apontam precisamente estes casos, de evidente prejuízo social, para defender a manutenção da proibição. Por outro lado, os defensores do projeto de lei – nos quais se inclui o senador alagoano Benedito de Lira – apontam que a falta de regulação é precisamente um dos maiores problemas da lei atual. Atuando clandestinamente, os cassinos não têm nenhum incentivo para respeitar regras de não emprestar dinheiro a jogadores e de impedir a entrada de apostadores que entrem com esse pedido previamente.
Parece estranho, não é mesmo? Mas essa é uma técnica usada em outros países, com o apostador assinando uma ordem que impede os cassinos de lhe darem entrada. Se ele cair no vício, a segurança do cassino verifica os registros e impede ele de entrar.
Essa é uma questão que vale a pena analisar no momento em que, se a reforma avançar, Alagoas poderá ter estabelecimentos públicos de jogatina tal como qualquer outro estado. O exemplo capixaba diz que tem um mercado maduro, com dinheiro e pronto para jogar – seja nos cassinos, seja voando para Punta del Este ou Las Vegas ou até no cassino online, através da internet. Não será melhor proteger as pessoas de uma forma mais eficaz e moderna, como se faz na maior parte do mundo?