Quem financia o Pinto da Madrugada?
O bloco carnavalesco Pinto da Madrugada voltará à avenida em 2018. Este ano, seus dirigentes cancelaram o desfile em Maceió alegando falta de apoio financeiro para bancar a festa. Desde que apareceu em nossa paisagem, sob o comando de médicos afamados em Alagoas, o bloco se valeu de financiamento público para realizar seu carnaval. Quem está bancando o retorno? Não sabemos.
Aliás, se sabemos que nos anos anteriores o dinheiro foi garantido pelos cofres públicos, os valores nunca foram revelados. Transparência não parece combinar com a folia. O que sei é que, a cada ano, a pressão sobre a prefeitura da capital e principalmente sobre o governo estadual era forte. O argumento para arrancar o repasse é que estamos diante de uma “tradição”.
Comento o assunto com o atraso de algumas semanas, mas não poderia deixar de lado um evento de tamanha importância para Alagoas – na opinião dos donos do negócio. No anúncio do retorno, formos informados que agora o Pinto tem como diretores os herdeiros dos fundadores do bloco. Todos muito jovens, cheios de entusiasmo para fortalecer a cultura alagoana.
O negócio que passou de pai para filho se reapresentou cheio de pompas e falatório. A jovem guarda carnavalesca falou em parcerias, isso e aquilo, mas não explicou o milagre da superação da crise. Tem dinheiro público no frevo? Nenhuma palavra foi dita sobre isso. O certo é que há um diálogo estreito entre esses empreendedores festivos e autoridades, digamos, palacianas.
Não vejo tradição alguma nesse pula-pula de foliões amigos do poder político. Mas há quem aprove e festeje a volta do pré-carnaval. Tudo bem. Não discuto preferências. O intrigante mesmo é o financiamento da festança. Num estado com a economia sempre capenga, bancar iniciativas particulares está longe de atender aos reais e urgentes interesses da população.
Se tudo será viabilizado com recursos privados, menos mal. Ocorre que isso não está claro, segundo as informações disponíveis. Sei que há sondagens sobre a possibilidade de uma mãozinha oficial, ou seja, a partir de grana saída dos cofres públicos. Quais os critérios para a liberação de verba a um evento particular? Difícil. Mas, para aliados de governantes da hora, isso é irrelevante.
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