Os votos de Lula e os nordestinos

18/12/2017 18:43 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

A sobrevivência política do ex-presidente Lula, ainda com intenções de voto suficientes para ganhar uma eleição, deve-se aos miseráveis e desinformados eleitores do Nordeste. É o diagnóstico recorrente em colunistas da chamada grande imprensa. Por essa visão, se dependesse do pensamento avançado do Sul e Sudeste, Lula estaria morto para qualquer disputa.

 

O problema, para esses dublês de analistas políticos, é que a realidade eleitoral em lugares como Rio, São Paulo e Minas Gerais não combina com a avaliação que fazem sobre as diferenças entre as escolhas das populações. Um ótimo exemplo da inteligência nas bandas de lá foi a eleição municipal do ano passado. Em três grandes capitais, três bombas levaram a prefeitura.

 

Os esclarecidos paulistanos entregaram o comando da maior cidade do país a um aventureiro, um deslumbrado que mais parece um boneco fabricado por publicitários. João Doria é uma farsa em todos os sentidos. Já o esperto eleitor carioca preferiu outra potência intelectual e ética para governar o mais badalado cartão-postal do país: Crivella, o bispo da Universal, emplacou sua reza.

 

Para completar o trio de bagaceiras, Belo Horizonte elegeu para prefeito um notório cartola do futebol, Alexandre Kalil, dono de uma bela ficha de serviços prestados ao submundo da política mineira. Kalil é populista, ignorante e truculento. Mas ninguém por lá viu problemas em entregar os cofres e o destino da cidade a uma figura acima de qualquer suspeita como ele.

 

Quando se assanham em elucidar o comportamento do eleitorado nordestino, tratado como um bando de analfabetos em suas teses, vozes de peso na imprensa parecem esquecer os dados citados aqui. Nenhuma palavra sobre as aberrações eleitas pelos cidadãos nos grandes centros do país. Quando se trata de Lula, no entanto, são rápidos no gatilho.

 

Todas as pesquisas apontam Lula como favorito na eleição de 2018. Saco de pancadas em tempo integral nos últimos anos, sua força eleitoral é mesmo um assombro – e um desafio para quem pretenda explicar o fenômeno. Por enquanto, o palavreado dominante entre colunistas afamados passa longe de ideias e hipóteses reveladoras. Até agora, falta originalidade e sobra preconceito.

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