Denúncias, MPE e eleições 2018

18/12/2017 01:19 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Diversos fatores podem interferir no rumo de uma disputa eleitoral. Alguns desses fatores são previsíveis. Em toda campanha, por exemplo, como sabemos, jamais faltará um bom número de denúncias. É sagrado. Todos se acusam de práticas no mínimo suspeitas no uso de dinheiro público. Os ataques nem esperam o jogo começar oficialmente. É precisamente o que ocorre agora.

 

Por que isso acontece? A resposta é fácil. Uma denúncia consistente será uma tacada fatal numa candidatura. A depender da situação, as acusações podem desidratar o candidato, mesmo favorito, e acabar com suas chances de êxito nas urnas. Em certos casos, tamanha a repercussão do suposto escândalo, o concorrente pode até se ver obrigado a renunciar à disputa.

 

Vejam a situação do ex-governador Teotonio Vilela Filho. A recente operação da Polícia Federal que alvejou o tucano pode ameaçar sua candidatura ao Senado. Por tabela, pode ainda representar uma encrenca aos planos do prefeito de Maceió, Rui Palmeira, também do PSDB, de concorrer ao governo estadual. Duas figuras ganham com isso: Renan pai (senador) e Renan Filho (governador).  

 

Uma denúncia pode ter origens diversas – e algumas vezes esconde a verdadeira fonte. Para prosperar e produzir efeitos concretos, uma acusação de corrupção, por exemplo, terá muito mais força se chegar ao Ministério Público ou à Justiça. Aí a coisa ganha ares de formalidade, não sendo apenas bate-boca entre adversários. Ocorre que esse entendimento pode ser falso.

 

Dizem por aí que política é coisa para profissionais. E os profissionais atacam em todas as frentes, incluindo o Judiciário e o MP. Agora mesmo, há um frenesi envolvendo o MP alagoano como nunca se viu antes. A instituição fiscalizadora das gestões públicas parece obstinada num cerco à prefeitura de Maceió. A investida mais recente tem como pretexto os pardais no trânsito da capital.

 

O MP acusa o município de ilegalidade na instalação dos radares eletrônicos e pede que a Justiça determine a desativação do serviço. Curiosamente, o Detran (estadual), também alvo da ação, diz concordar com a medida, jogando sobre a prefeitura a suspeita de algo fora dos padrões legais. Certamente sem querer, a iniciativa do MP é um presentinho para o governador.

 

Pelo que se noticia, e pelo que se ouve nos tais bastidores, estão em campo grupos que trabalham incansavelmente na fabricação de denúncias contra virtuais candidatos na próxima eleição. Esses grupos são bancados por caciques partidários que pretendem usar as acusações na campanha. Não é uma novidade de agora, é claro. Velhos personagens estão na praça mais uma vez.

 

O caso dos pardais, que envolve a gestão na SMTT, será um bom termômetro nessa guerra que já começou – mais nos subterrâneos do que na superfície. Disposto, até agora, a concorrer ao governo, o prefeito Rui Palmeira é o alvo exclusivo da eloquente ação do MP estadual. Se continuar nessa batida, a instituição periga entrar de cabeça na campanha eleitoral de 2018. Veremos.

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