Cadeia neles! E o voto em 2018

17/11/2017 14:53 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Prenderam mais um político. E daqui a pouco será outro. Ontem, hoje, na semana passada – “quase todo dia” é o exagero que parece lógico diante da frequência de casos noticiados pela imprensa. Um prefeito do interior de Alagoas é preso. Um deputado do Rio de Janeiro também vai para a cadeia. E um ex-ministro já está no xilindró há vários meses. Não sabemos, na verdade, quantos políticos foram parar nos presídios nos últimos anos. Como tudo tem um começo, a atual onda de encarceramento não surgiu do nada. Os anos 1990 registram as primeiras vítimas de uma tendência.

 

Uma tendência que se consolidou historicamente, ainda que a sensação de impunidade permaneça como um traço da chamada opinião pública. A imprensa tem papel decisivo nesse fenômeno. São incontáveis os casos de corrupção que resultaram em processos na Justiça após a publicação de informações explosivas por algum veículo. Especulo que, nos últimos 25 anos, reportagens exclusivas revelaram, como jamais ocorrera, um número estratosférico de esquemas de roubalheira espalhados pelo país inteiro. Todas as esferas da vida pública foram alvo. Mas o mundo da política é bombardeado sem trégua.

 

A repetição das notícias pode gerar, entre outros efeitos, um cansaço diante do tema, um desinteresse frente ao que vai se tornando uma banalidade. Todos aplaudimos a prisão do político corrupto, é claro, mas talvez a normalidade do que deveria ser excepcional indique a necessidade de seguir adiante. Prender, somente, não resolve a crise. Nos últimos tempos, a relação direta entre combate à corrupção e vida política em transe ganhou dimensões extraordinárias – mas não inéditas. Foi assim também no suicídio de Getúlio Vargas e no golpe de 1964.

 

A julgar pela quantidade de denúncias com investigação em andamento, as más notícias continuarão chegando à rotina de autoridades no Legislativo e no Executivo. Além do mais, outras prisões vão ocorrer a cada nova operação a ser desencadeada pela Polícia Federal. Pode-se até afirmar que estamos condenados ao exercício permanente de um direito inegociável: o direito à vingança como resposta ao político que prospera pela rapinagem. Para constatar o tamanho, digamos assim, dessa variável, é certo: prender ou não prender – eis uma equação crucial em 2018.

 

Até lá, a velha gritaria contra a corrupção vai se manter nas manchetes e no bate-boca das esquinas. Como antigamente. Até o último corrupto no poder cair numa cela, não faço ideia de quanto tempo será necessário para uma mudança de patamar nos salões (e subsolos) da política. Teje preso, escreviam os jornais do passado ao narrar um acontecimento da crônica policial. A voz de prisão se espalhou. É uma política de Estado. Por isso, todos os virtuais candidatos a presidente no ano que vem homenageiam (ou bajulam) os feitos da Lava Jato. Criticar é suicídio.

 

O voto em 2018 refletirá o peso dessa ideia dominante. Denúncias. Prisões. Delações. É por aí que circulam os interesses e as atenções do imprevisível eleitorado brasileiro. Cadeia nele! Por enquanto é o que se vê no horizonte nevoento.

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