A força jovem da jurássica UNE

25/10/2017 00:07 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Você já ouviu falar, é claro, nas gloriosas lutas do Movimento Estudantil. Já ouviu falar porque essa é uma das mais festejadas lendas brasileiras. É bonito imaginar jovens corajosos, brigando em frente dupla – pela educação e por um país melhor.

 

Pensei nessas questões folclóricas assistindo ao programa político do PC do B na televisão. Foram dez minutos de ideias inovadoras na propaganda obrigatória exibida na noite desta terça-feira (24). E o que tudo isso tem a ver com estudantes?

 

Respondo logo a seguir. Antes, vamos falar um pouco mais sobre a propaganda na TV. Como sempre, viu-se uma lista de filiados reproduzindo as ideias do partido. São quase todos políticos com algum mandato no legislativo ou no executivo.

 

Mas o PC do B também apresentou entre suas estrelas do programa uma estudante. E não foi uma aluna qualquer de uma escola pública do meio do Brasil. Foi Marianna Dias, a presidente da União Nacional dos Estudantes – a jurássica UNE.

 

Nada que se considere estranho. Ao contrário, a presença da jovem de 25 anos está cem por cento de acordo com o espírito do negócio. A UNE sempre foi um braço partidário da esquerda, cumprindo ordens e reproduzindo a militância sob encomenda.

 

Como todo jovem está a um passo do engajamento revolucionário, e como tem algo de romantismo acreditar nesse tipo de lenda, vai-se repetindo eternamente a informação de que a UNE tem muita importância no Brasil. É assim desde os primórdios.

 

Os congressos estudantis, como o que elegeu este ano a baiana Marianna para o comando da UNE, são na verdade encontros para dar palanque a velhos políticos. E eles pertencem a legendas que sempre mandaram na entidade. Não há pluralismo.

 

Ouvir o discurso da direção da UNE é voltar algumas décadas no tempo. Paradoxalmente, falando em nome da renovação, as jovens lideranças ressuscitam o palavreado mais retrógrado possível. Para essa patota, o muro de Berlim continua de pé.

 

Nos meus tempos de universitário, vi de perto a atuação dos destemidos que pretendiam mudar o mundo. Algumas décadas depois, vejo que o discurso já não parece o mesmo – parece ainda mais reacionário e oportunista. Isso não tem cura.

Comentários

Os comentários são de inteira responsabilidade dos autores, não representando em qualquer instância a opinião do Cada Minuto ou de seus colaboradores. Para maiores informações, leia nossa política de privacidade.

Carregando..