As mãos sujas da Lava Jato
Em mais um desses convescotes cheios de lero-lero com doutores do Direito, lá estão Sergio Moro e Deltan Dallagnol expelindo suas digressões de alarmismo e pílulas de demagogia para uma plateia preocupada com os rumos do país. Trata-se de um fórum organizado pelo jornal O Estado de S.Paulo, cujo tema é Mãos Limpas & Lava Jato.
O procurador da República que tem as bochechinhas rosadas repete seu falatório de dono da verdade, com ataques cretinos ao STF e a todos aqueles que contestam suas estripulias acima da lei. Claro que o homem não perde a oportunidade de atacar também a política, apontando como solução a renovação do Congresso a partir das eleições de 2018. Como se sabe, ele quer ser senador.
Na mesma linha, vai o fanático juiz Moro, também com ironias idiotas contra ministros do Supremo e vozes da imprensa que criticam seus métodos abusivos de atuação. Para essa duplinha do barulho, o Brasil não tem saída fora das sirenes da Polícia Federal e das carnavalescas operações chefiadas pelo Ministério Público Federal. Assim, metem suas mãos em tudo, mesmo que estejam sujas.
Esses senhores se acham salvadores da pátria e, não bastasse o messianismo policialesco, ambos têm a pretensão de seres iluminados, com ideias supostamente originais, mas que não passam de uma mistura de demagogia com indigência intelectual. Exemplo disso são as falas sobre o combate à corrupção como “esperança infinita”.
O encontro promovido pelo Estadão confirma uma das marcas centrais da Lava Jato, segundo seus próprios mentores. Ou seja, para que os objetivos sejam alcançados – sem contestação – tudo tem de passar por uma forte campanha via imprensa. Foi precisamente esse um dos pontos sagrados da Operação Mãos Limpas na Itália.
A república de Curitiba, que tem Moro e Dallagnol como os principais pistoleiros na linha de tiro, berra a cada minuto que o país só tem salvação com o fim dos privilégios para a elite. É verdade. Mas falta incluir entre os alvos dessa guerra a turma de nababos do Ministério Público e do Judiciário. Quando essa rapaziada agir nessa direção, a gente conversa sobre a coragem dos doutores togados.
O problema da Lava Jato não é o combate à corrupção. É o festival de ilegalidades no rastro desse trabalho que ignora os mais elementares preceitos da Constituição. Basta ler o que já foi publicado sobre tudo o que essa galera já aprontou. Prisões preventivas sem prazo e vazamentos de informações sob sigilo são os exemplos mais evidentes.
Mas aí estão eles, numa palestra atrás da outra, apresentando-se como as almas mais puras do mundo. No fórum de hoje, nada de novo está sendo dito. É a mesma cartilha, embalada em miseráveis frases de efeito e ideias superficiais. Pensando bem, a linguagem aí não fica longe do pior da política. Muita espuma, arroubos e populismo de última categoria.
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