Assistência à pessoa com deficiência transforma vidas em Arapiraca
Ter um filho com deficiência, seja ela física ou mental, é um desafio ainda hoje para qualquer família, independente da classe social na qual esteja inserida. Agora, voltemos no tempo 20 anos e imaginemos que tal família resida no interior de um estado, no Nordeste brasileiro e necessite de serviços que proporcionem a assistência mínima necessária para o bem-estar e desenvolvimento do indivíduo.
Há duas décadas, diversos pais encaravam esse cenário, em Arapiraca, quando, finalmente, chegou ao município a Associação Pestalozzi, em 1996, motivada pelo nascimento de Luiz Felipe Alves Pereira diagnosticado, à época, com hidrocefalia, cuja família se mobilizou para oferecer melhores condições ao garoto.
Em 21 anos de atividade, a entidade já realizou 400 mil atendimentos, em serviços que vão da fisioterapia a atendimento educacional especializado. “Começamos oferecendo apoio às famílias. Em seguida, iniciamos a escola especial e o atendimento de fisioterapia e terapia ocupacional”, explicou a presidente da Pestalozzi, Zelia Azevedo.
Para Vilceia Bezerra dos Santos, mãe de Gabriel, 18, um dos usuários dos serviços, a entidade foi um marco na vida da família. Ela revela que, durante anos, teve “preconceito” com o trabalho realizado pela entidade. “Eu achava que o trabalho da Pestalozzi era para quem tinha deficiências graves e que meu filho não se adaptaria”, lembra.
Embora tenha estudado, desde a infância, em escolas particulares, Gabriel, que tem traços de autismo e um déficit severo de atenção, sempre foi retraído, não participava das atividades escolares e teria ido para o primeiro ano do ensino médio, mesmo sem ser alfabetizado. Foi o estopim para a mãe mudar sua concepção acerca da atuação da Pestalozzi.
Há um ano, Gabriel começou a frequentar e ter acesso aos serviços da organização. “A Pestalozzi é uma bênção na minha vida. Na Pestalozzi, ele participa de tudo. Este ano, foi o noivo na quadrilha junina”, revelou, orgulhosa.
Segundo a mãe, Gabriel passou a se sentir à vontade entre os novos colegas, o que ela percebeu que não acontecia na escola tradicional, além de apresentar significativas melhoras no comportamento.
Com a grande demanda, a instituição cresce, apesar dos recursos serem insuficientes. “O maior desafio é a nossa autossustentabilidade. Temos que criar condições para nos manter. À medida que a instituição cresce, requer mais recursos. Precisamos ampliar nossa estrutura física; melhorar nossos processos de gestão; proporcionar melhor condição de trabalho para nossos colaboradores e adequar a nossa estrutura tecnológica. Precisamos que os governos sejam mais sensíveis a nossa causa”, ressalta a presidente Zelia Azevedo.
Aprendizado
Zelia Azevedo está na gestão do projeto desde o início, tem três filhos adultos, quatro netos, e, embora sua família não tenha necessidade dos serviços da Pestalozzi, ela frisa que, em todos esses anos, a experiência tem sido um grande aprendizado.
“O mais importante foi compreender que fazer o bem é a melhor obra de uma vida. Promover melhoria na vida dessas pessoas é a minha maior recompensa. Depois, eu compreendi o valor do amor incondicional com as mães dessas pessoas. Esse é um amor sublime. Com essas mães, eu aprendi a enfrentar meus problemas pessoais com mais leveza”.
Fica a lição.
Fotos da galeria: Mônica Nunes/Live Comunicação
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