Givaldo Carimbão, um filho de Maria

19/10/2017 16:39 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Além do recurso à baixaria verbal, o que mais chama atenção no vídeo com o deputado federal Givaldo Carimbão é uma única frase, que ele repete umas dez vezes e aos berros: “Maria é minha mãe! Maria é minha mãe!”). A manifestação histriônica, completamente fora do tom, ocorreu durante uma audiência conjunta nas comissões de Segurança e de Cultura, na Câmara dos Deputados.

 

O vídeo pode ser visto aqui no CADAMINUTO. Carimbão resolve pegar carona na última onda de histeria moralista – depois das presepadas com exposições em museus – e abusa do proselitismo politiqueiro. Seu alvo é o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, convidado na audiência. Num raciocínio tosco, o deputado fala da mãe do ministro “com as pernas abertas”.

 

São dois graves problemas, pelo menos. O primeiro é o baião de dois que mistura religião e política. Não existe, mundo afora, nenhum exemplo de casamento saudável entre essas damas. O que existe de sobra são regimes em pandemônio social decorrente das disputas movidas a fanatismo. Não importa a crença, o outro será sempre um bárbaro – a ser convertido ou eliminado.

 

Um segundo problema é algo consagrado, um método essencial na política, que por certo deve nos irritar eternamente: a caudalosa demagogia na busca por dividendos eleitorais. É o que explica o teatro do parlamentar alagoano, com sua indignação ensaiada para a ocasião e para as câmeras. Nada que desabone o deputado, visto no contexto geral do Congresso.

 

No país da Lava Jato, a ira santa de Carimbão não chega nem perto do grande mal a ser combatido, que é a corrupção. Sendo assim, ele e outros tantos têm carta branca para pregar por Nossa Senhora, Jesus e todos os santos do céu. O bom de episódios assim é que podem ser vistos como emblemáticos, o tipo ideal de uma conduta ampla no parlamento brasileiro. O nível é esse aí.

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