A novidade, a velharia e o seu voto

08/10/2017 16:28 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Cansado da velha política, o brasileiro procura a novidade e a renovação a qualquer custo. É o que dizem por aí, a cada vez que olhamos para o lado ou dobramos a próxima esquina. Parece que todo mundo concorda com essa avaliação – só falta combinar com os russos.

 

Se isso é verdade, se o eleitor mata e morre pelo novo, como explicar o resultado na eleição fora de hora para governador do Amazonas? O eleito foi Amazonino Mendes, mais antigo que a floresta amazônica. Nada mais pré-histórico na selvageria da esfera pública.

 

Aliás, o adversário derrotado por Amazonino foi Eduardo Braga, outro exemplar do que há de mais representativo no museu de bestialidades da política. Como se vê, o eleitorado da região Norte não está para brincadeira. Mas não é um caso único. Longe disso.

 

No ano passado, a avançada população paulistana também decidiu que era o momento de banir a velharia do jogo. E para isso elegeu no primeiro turno a melhor coisa que poderia encontrar como exemplo de jovem guarda: João Dória Jr.

 

Com menos de um ano de mandato, o prefeito viajante de São Paulo já envelheceu. Pesquisa Datafolha publicada neste domingo mostra que sua rejeição é cada vez maior. Dória culpa a herança maldita, provando o quanto é um político diferente.

 

São Paulo é um laboratório para se estudar o fenômeno jovem e a obsessão pela juventude. Em 2012, elegeu para prefeito o mauricinho ativista das ciclofaixas Fernando Haddad. Quatro anos depois, a novidade perdeu para Dória – e o resultado se deu, repito, no primeiro turno.

 

Nada mudou e hoje mais do que nunca procuramos uma cara nova pelos quatro cantos do país. No panorama conhecido, as opções se apresentam assustadoras. Pelo comportamento recente do eleitorado, a renovação é tão perigosa quanto o pior da idade medieval. 

 

Pensando bem, além do sucesso incontestável das novinhas – em outro departamento, é verdade –, nenhuma alternativa de candidato parece saudável a ponto de merecer nosso voto de confiança. 2018 tem tudo para eleger novos aventureiros e reafirmar os piores retrocessos.

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