A bola na rede e o voto na urna

01/10/2017 01:23 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Falta um ano para o campeonato eleitoral de 2018. E, nos acontecimentos com data marcada no calendário, as eleições só perdem em importância, na cabeça do brasileiro, é claro, para a Copa do Mundo de Futebol, na Rússia. Antes do voto na urna, a bola vai rolar, como se sabe, no mês de junho. E entre ganhar o hexa e eleger o futuro presidente, a torcida mata e morre, mesmo, é pela seleção do professor Tite.

 

Saturados de certezas quanto aos onze titulares da seleção, nada podemos apostar sobre os adversários que vão disputar a preferência de 146 milhões de eleitores. Nunca houve uma distância tão ampla entre a luminosidade do sistema tático, de um lado, e o sombrio panorama de coligações, de outro. Ao contrário do plantel do treinador, o cartão vermelho ameaça barrar a escalação de meio mundo nas agremiações partidárias.

 

Na prancheta do técnico do Brasil, as coisas aparecem tão harmonizadas, num imenso deserto de impasses, que até certo clima de tédio generalizado paira sobre o sempre inflamado espírito do torcedor. Ninguém exige a escalação de um nome na ponta esquerda, não há um cabeça de bagre como volante, nenhuma voz aponta burrices no esquema de jogo. Nelson Rodrigues ficaria assombrado com a unanimidade acachapante.

 

A regularidade na equipe, desde que Dunga foi dispensado, já faz o torcedor citar os titulares, com uma, no máximo duas alternativas à formação definitiva. Não há contestações entre os escolhidos, tirante alguma ressalva sobre o goleiro, o que não conta praticamente nada. Já quando se vê a lista dos pré-candidatos nos partidos, ninguém arrisca um nome irreversível na bagunça geral.

 

No campo da esquerda, pelo PT, a sorte de Lula está pelo tapetão judicial. Entre os tucanos, Alckmin e Dória trocam bordoadas, e até José Serra ainda se mexe em tramas subterrâneas. Ciro Gomes atira em todas as direções e não acerta nenhum alvo. Marina Silva é a novidade que envelheceu após duas derrotas traumáticas. Bolsonaro faz barulho, mas, na hora do jogo, espera-se que o país despreze o ideal da escória.   

 

Todos os nomes cogitados para a urna eleitoral podem mudar. Variáveis de toda ordem podem abater qualquer um. Para vestir a camisa amarela, como titular absoluto, aí a coisa muda. Alisson, Daniel Alves, Marquinhos, Miranda e Marcelo; Casemiro, Paulinho, Renato Augusto e Philippi Coutinho; Gabriel Jesus e Neymar são os caras. Somente uma tragédia tira algum desses da Copa. 

 

É mais ou menos por aí. No banco de reservas da seleção, a lista também está definida. Quanto às eleições, se já é um drama pensar nos titulares, imagine as opções que temos na vitrine. Hoje em dia, não há diálogo nem tabela entre a vida pública destroçada e a pátria em chuteiras. Talvez sempre tenha sido assim. Mas cada época é uma época; e cada jogo é outro jogo.

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