Uma ação tresloucada do MPF

30/09/2017 00:46 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Vai ficando cada vez melhor. Uma notícia que chega do Sul reafirma algo que já ninguém mais pode duvidar. Estamos diante de um fenômeno que merece um estudo dos mais aprofundados, uma verdadeira tese de doutorado, quem sabe. Refiro-me, é claro, a mais uma iniciativa tresloucada do Ministério Público Federal. A soberba alucinou alguns procuradores.

 

Eis a inesperada manchete que me intimou a escrever: MPF recomenda “imediata reabertura” de exposição de arte em Porto Alegre. É aquele caso em que o banco Santander encerrou uma mostra, antes do prazo previsto, depois de protestos pela suposta promoção de pedofilia e zoofilia. A presepada não para de produzir inusitadas consequências.

 

A Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, do MPF do Rio Grande do Sul, publicou sua resolução e deu prazo de 24 horas para ter uma resposta do Santander Cultural. O banco informou que não atenderá à recomendação. Parece escandalosamente óbvio que o MPF não tem qualquer respaldo legal para uma exigência descabida como esta.

 

O autor da ridícula peça é o procurador Fabiano de Moraes. Ele é criativo. Além de cobrar a reabertura da exposição Queermuseu, o homem também recomenda ao Santander que promova outra mostra, semelhante à que foi interrompida. E chega a prescrever a temática e o período dessa nova exposição. Ou seja, a gente não sabia, mas nos quadros do MPF tem até curador de arte.

 

Em suas alegações para exigir o que uma entidade privada deve fazer, é claro que o procurador recorre ao pensamento mais panfletário de hoje no modismo das ideias feitas. Aponta para o perigo de perseguição à arte como ocorreu na Alemanha nazista. É duro. Ainda bem que o Santander não se curvou ao evidente abuso de autoridade, bastante típico em procuradores pelo Brasil afora. 

 

De onde vem tamanha valentia para inventar o que não lhe cabe? Já escrevi aqui. O procurador do Sul tem inspiração precisa. Depois de figuras como Rodrigo Janot e Deltan Dallagnol, tudo é permitido no Ministério Público Federal.

 

Ninguém segura os rapazes que se arvoram como paradigmas da moralidade, senhores absolutos da consciência nacional. Querem borrar tudo com suas piores idiossincrasias. A coisa bateu num grau de tanto descontrole, que perderam até a noção da patetice.

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