Politicagem na universidade brasileira

29/09/2017 15:15 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Leio aqui no CADAMINUTO que a Universidade Estadual de Alagoas vive uma guerra aberta entre reitor e vice-reitor. Jairo Campos da Costa e Clébio Correia de Araújo romperam no meio do mandato e hoje trocam acusações. Pelo que entendi, no centro estão interesses de ordem política. Aliás, o reitor já manifestou mais de uma vez a intenção de ser candidato nas eleições de 2018. Cogita uma cadeira de deputado estadual na Assembleia Legislativa.

 

Mas não me interessa aqui debater as razões da dupla. Além do mais, não conheço detalhes da desavença entre os dois acadêmicos. O caso, no entanto, expõe uma realidade que é bem mais comum do que se noticia sobre o cotidiano de nossas universidades públicas. O que deveria ser um espaço para pesquisa, ensino e produção de conhecimento, vive tomado pela mais baixa politicagem.

 

Assim é também nas universidades federais, transformadas em palanques para militantes a granel. Com estabilidade infinita no emprego, professores se valem de cargos e prerrogativas para atuar em nome de legendas partidárias, o que nada tem a ver com educação. É uma praga estabelecida e, desgraçadamente, irreversível. Enfrentar essa distorção é um perigo para qualquer um.

 

Mestres e doutores, todos os dias, vomitam em sala de aula a mais escancarada propaganda política, sem qualquer preocupação com os assuntos previstos em suas disciplinas. Na outra ponta dessa operação, estão aqueles que simplesmente usam a universidade para fazer carreira na política partidária. Tratam as faculdades como uma célula de seus partidos.

 

Há exemplos de professores que transformaram a universidade em “bico”. Passam uma temporada com mandato eletivo, ou como secretários em prefeituras e governos estaduais, e reassumem a cadeira acadêmica quando estão em baixa no circo da política – ou seja, quando são desalojados da mamata partidária. Aí, retornam à mamata universitária.

 

Falo de um fenômeno nacional. E essa é a realidade por aqui também, naturalmente. A Universidade Federal de Alagoas e a Uneal estão mergulhadas nesse ambiente degradado de militância escancarada e guerra suja pelo poder. Faz tempo. A trombada entre reitor e vice, nos corredores de nossa universidade estadual, é apenas um sintoma da tragédia na educação superior do país. Caso perdido.

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