A hora e a vez da filosofia brasileira

20/09/2017 16:17 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Eles estão em todos os programas de TV, nas emissoras de rádio, nas feiras literárias, em seminários de universidades e nos debates promovidos por veículos de comunicação. Todos se apresentam como pensadores, com sábias palavras a nos dizer sobre a conturbada realidade mundial e a eterna crise brasileira. Nunca houve tantos gurus como nos tempos atuais.

 

Qual é o tema da vez? Não importa. Eles têm respostas para nossos dramas universais. Da rejeição à política ao império das redes sociais, das loucuras de Donald Trump ao novo feminismo, dos atentados terroristas ao jogo da baleia azul – nenhum mistério resiste ao time de celebridades especialista em tudo.

 

Imigrantes são vítimas de xenofobia? Estudantes espancam professores em sala de aula? Manifestantes depredam bancos e empresas? Intolerância religiosa? Cultura do funk? Despacito? Menino do Acre? É fácil entender. Chamem o Cortella, o Karnal, o Clovis de Barros, o padre Fábio de Melo, a Márcia Tiburi, a Viviane Mosé, o Sakamoto, a Clara Averbuck... A lista é interminável.

 

Antigamente, tudo isso era chamado de autoajuda. Parece que hoje, para se apresentar ao mercado com a eficiência desejada, a coisa ganhou ares mais sofisticados. Cada um na sua área de conhecimento, nossos intelectuais campeões de audiência têm em comum a sagacidade para ganhar dinheiro. O segmento de palestras remuneradas desconhece as crises que balançam a economia.

 

A verborragia vai parar nos livros, é claro, dando ares de seriedade a ideias capturadas no vento. Os pensadores da moda lançam um novo título por dia, com novas revelações imperdíveis sobre a nossa existência. De tão ativa, são se sabe como essa turma arranja tempo para estudar. Deve ser alguma técnica secreta, típica dos grandes sábios.

 

Fica a dica: ao contrário do que pensava Caetano, está provado que é possível filosofar em alemão – e em brasileiro.

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