Censura e liberdade na democracia

09/09/2017 12:10 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

Este é o Brasil das delações, dos telefones grampeados e das palestras com contratantes sigilosos. Nesse ambiente degradado, os interesses de categorias profissionais do mundo jurídico acabam prevalecendo. Em duas frentes, temos a guerra para manter e ampliar benesses e, ao mesmo tempo, vemos as artimanhas na defesa de condutas individuais pra lá de suspeitas.

Procuradores falam demais. Juízes falam demais. E, nos últimos tempos, gostam de se exibir em poltronas de cinema, com sacos de pipoca, em sessão de narcisismo descontrolado. Como escrevi em texto anterior, querem “consertar” o país segundo seus valores e prioridades específicas.  

Enquanto exercem suas prerrogativas de alcance irrefreável, muitos desses representantes da república das togas têm compulsão irresistível pela censura. É avassalador o índice de ações judiciais para calar veículos e jornalistas que ousam criticar suas excelências – magistrados e demais autoridades do Poder Judiciário.

Nas tentativas de impedir a liberdade de expressão e de imprensa, há de tudo, de norte a sul do país. Os donos da opinião alheia, eles mesmos frenéticos comentadores em redes sociais, não aceitam a dissidência. Basta uma vírgula fora do lugar, e partem pra cima dispostos a amordaçar opiniões em desacordo com seus métodos de atuação.

De Sérgio Mouro a algum jovem principiante na carreira, todos adoram exaltar o valor da democracia, desde que suas estripulias não sejam questionadas. Para impor seus pontos de vista e eliminar versões em contrário, metodologia e linguagem obedecem a um padrão. No discurso recorrente, arrogância, casuísmo e vitimização se harmonizam em nome de privilégios descabidos.   

Mas, ao contrário do que muitos repetem por aí, vivemos uma democracia plena. Como não poderia ser diferente, um regime cheio de presepadas, mas ainda assim uma democracia consolidada. Prova disso é estar aqui, escrevendo o que quero sobre um tipo de casta que, em outros tempos, teria poder de vida e morte sobre o meu (e o seu) direito de expressão. Hoje, os donos do sistema podem até se arrepiar de raiva diante da crítica. Mas são obrigados a tolerar.

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