Um procurador em estado terminal
Joesley Batista e Rodrigo Janot: “Uma relação que não era amistosa”. Como escrevi no texto anterior, essa frase apareceu durante o dia, em reportagens da Rede Globo, na cobertura que a emissora faz do escândalo JBS-PGR. Ouvi isso no Bom Dia Brasil e no Jornal Hoje. Pois durante o Jornal Nacional, na noite desta quarta, a expressão estava lá, de novo, em mais uma reportagem sobre o caso.
É mesmo uma decisão editorial elevada à condição de paradigma na abordagem global sobre a bandalheira em questão. E, para a TV Globo, não importa que sua escolha atropele os fatos e a lógica. Com descaramento insidioso, a afirmação tenta o impossível: limpar a postura degradante do senhor Janot em tudo isso.
No mundo real, porém, a situação do ainda procurador-geral é de uma desmoralização irrecuperável. Respirando por aparelhos, o especialista em flechas e bambu fantasia – para ele mesmo e para setores da imprensa – que continua no comando. Com a moralidade em estado terminal, delira que lhe resta alguma credibilidade para apontar seu dedo suspeito e denunciar quem quer que seja.
Leio também outra notícia que confirma o cinismo delirante desse ridículo chefe do Ministério Público Federal. Depois de se assanhar como pré-candidato ao governo de Minas Gerais em 2018, ele agora estaria disposto a uma nova tarefa em defesa de um Brasil decente. Segundo a Veja, o homem pretende trabalhar no combate à corrupção nas empresas privadas. Sendo isso verdade, poderia completar a piada como funcionário da JBS.
Se as coisas seguissem o rumo da normalidade – o que não é o caso, pelo que vemos –, Janot deveria responder a um processo por seus atos obscuros, decididamente fora da ordem legal. Mas, até agora, ainda conta com o socorro de pesos pesados, na imprensa e em outras instâncias, dispostos à deplorável tarefa de torna-lo inimputável frente a todas as mazelas que perpetrou.
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