O pânico e o choro de Rodrigo Janot

07/09/2017 02:35 - Blog do Celio Gomes
Por Redação

A gravidade e o ineditismo do caso exigem mais algumas palavras sobre o escândalo JBS-PGR. Vamos tentar entender por que Janot revelou informações que são implacavelmente destrutivas contra ele mesmo. Segundo a revista Época, horas antes das revelações, o homem teve até uma crise de choro. Nem tudo tem explicação, mas as lágrimas de Janot, sim, podem ser explicadas.

Uma milenar tática de combate recomenda a antecipação de ações, mesmo que tal iniciativa não seja a opção natural, e possa causar estragos laterais àquele que se vê obrigado ao recurso um tanto quanto temerário. Como se pensa desde a pré-história, dos males, fiquemos com o menor. Parece cada vez mais evidente ter sido isso o que ocorreu com Rodrigo Janot, o falastrão procurador-geral da República.

Segundo os fatos até agora revelados, a gravação do açougueiro Joesley Batista viria a público de qualquer jeito. O conteúdo, desmoralizante para todos os envolvidos, já estava em mãos de gente na Polícia Federal. Era coisa de pouco tempo para que a PF anunciasse o que agora sabemos.

Em pânico, diante da real possibilidade de aparecer como alvo na provável narrativa da Polícia Federal, Janot percebeu que não lhe restara alternativa. Ou fazia de conta – como efetivamente acabou fazendo – que acabara de descobrir fatos gravíssimos ou estaria exposto a acusações instantâneas. Na iminência de um vexame ainda maior do que este que aí está, convocou entrevista coletiva e expôs toda aquela verborragia. Com a empáfia de sempre, tentou dissimular o quadro patético que suas palavras foram pintando a cada frase.

Portanto, emaranhado em suas próprias armações, Janot se convenceu, ainda que contrariado, de que a única saída seria ele próprio contar tudo. Mas, para complicar ainda mais sua posição, de tão desesperado, acabou falando demais ao envolver ministros do STF no relato das suspeitas. Quando a gravação apareceu, viu-se que nada do que é dito compromete os membros do Supremo. O detalhe bizarro mostra o quanto o procurador estava perdido, apostando no vale-tudo para se livrar da enrrascada.

Se existe algum alívio, alguma coisa a comemorar na gestão de Rodrigo Janot, é que seu mandato já chegou ao fim – antes mesmo do prazo formalmente previsto. Que a procuradora Raquel Dodge reconduza a PGR ao caminho da honradez e da seriedade institucional.

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