Em entrevista ao Cada Minuto, o presidente da Comissão de Direitos Humanos (CDH) da Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL), Ricardo Moraes, afirmou que o áudio que está sob posse da comissão foi enviado por Alexandro Soares da Silva, de 27 anos, a partir de um aparelho celular pertencente ao Samuel Rodrigues Santos da Silva, de 30 anos. Segundo Ricardo, o áudio teria sido enviado momentos depois do horário do confronto que vitimou quatro dos cinco indivíduos apontados pela polícia como suspeitos de participação em assaltos, tráfico de drogas e homicídio, na manhã desta quarta-feira (15).
De acordo com o presidente da Comissão, Alexandro teria enviado um áudio para sua mãe alegando medo de morrer. Após um encontro com a família do suspeito, a OAB afirmou que "os familiares disseram que não houve confronto. No áudio, a princípio, não conseguimos identificar pela fala que ele já esteja baleado. Não a voz com tom de dor, apenas aparentando medo. O suspeito pediu socorro, afirmando que estava sendo levado para um local ermo”, revelou Ricardo Moraes.
O advogado disse ainda que "o objetivo da Comissão de Direitos Humanos não é de contradizer a versão da polícia, mas de apurar melhor os fatos". Segundo ele, "o horário em que a mensagem foi enviada é posterior ao do horário do confronto e que no momento em que foi enviado o áudio, Alexandro estaria sob custódia da polícia".
O presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB ainda explicou que, segundo a denúncia, o suspeito teria sido levado pelos militares para a comunidade conhecida como "Goiabeira", próximo ao bairro de Fernão Velho.
“O que podemos fazer nesse momento é cobrar a perícia do áudio e o aprofundamento da investigação, diante do depoimento dos militares e da denúncia dos familiares. Tudo precisa ser investigado com cautela. Inclusive, buscando informações sobre circuitos de videomonitoramento dos locais apontados nos depoimento, para ver que indícios podem ser colhidos. Quem tiver acompanhado a ação também pode repassar informações com a garantia do anonimato”, pontuou.
A assessoria de comunicação do Hospital Geral do Estado (HGE) informou que o único sobrevivente do confronto com a polícia, Wallysson Henrique da Silva Cesar, de 18 anos, continua em estado grave e entubado na área vermelha da unidade.
Boato
A reportagem entrou em contato com o delegado Thiago Prado – que coordenou a ação na manhã de ontem – e ele disse que a informação de que o áudio que suspeito teria enviado para a mãe dizendo que estava sendo levado para outro local, não passa de um boato.
“Várias fotos foram veiculadas por aplicativo do whatsapp que não correspondiam ao que ocorreu ontem, à principio, não sabemos se o áudio se trata de um fato verídico”, comentou Thiago.
O delegado ainda assegura que toda ação foi legitima e que as viaturas que saíram com os criminosos alvejados foram diretamente para o Hospital Geral do Estado (HGE). “Não houve nenhuma parada anormal, inclusive, alguns deles chegaram com vida ao HGE e lá que entraram em óbito”.
Thiago também informou que o caso será investigado pela Delegacia de Homicídios (DH).
*Estagiário