O ex-prefeito de Marechal Deodoro, Cristiano Matheus, é apontado como o chefe de uma quadrilha que desviou R$ 6 milhões do município, segundo informou a Polícia Federal durante coletiva de imprensa, na manhã desta quinta-feira (20). Durante o cumprimento de mandados de busca e apreensão os policiais apreenderam quatro carros de luxo e €11 mil euros, além de armas e outros materiais.
Segundo o superintendente da Polícia Federal em Alagoas, Bernardo Gonçalves de Torres, o ex-prefeito comandava a quadrilha que teria desviado os recursos referentes ao Programa Nacional de Apoio ao Transporte Escolar e Programa Nacional de Alimentação Escolar, além de praticar lavagem de dinheiro.
As investigações apontam que outras 14 pessoas estariam envolvidas na organização criminosa, todas elas pessoas ligadas ao ex-prefeito. Durante esta manhã, os policiais federais cumpriram mandados de busca e apreensão numa cobertura de luxo do ex-prefeito, no bairro da Ponta Verde, onde foram apreendidos documentos e outros materiais. As equipes também cumpriram mandados em Alagoas nos municípios de Santana do Ipanema, Maceió e Pão de Açúcar, além de mandados em Pernambuco, no município de São Benedito do Sul.
No total, foram apreendidos quatro carros de luxo, €11 mil euros, uma arma, uma moto, computadores e mídias digitais. O superintendente disse que os euros foram apreendidos na residência de uma pessoa que era laranja de Cristiano Matheus.
“A investigação continua e agora vamos apurar se outros bens foram adquiridos com o uso de dinheiro público e se outras pessoas também estão envolvidas no esquema. O ex-prefeito ocultava bens colocando “laranjas” como titulares. Um exemplo é que ele possui um posto de combustível em Marechal Deodoro e dois no Maranhão adquiridos por laranjas e que provavelmente foram comprados com dinheiro público”, explicou o superintendente.
A Polícia Federal também constatou que o ex-prefeito comprou duas fazendas com dinheiro público. As propriedades ficam localizadas no Maranhão e outra no município de São Benedito do Sul, em Pernambuco.
Segundo explicou o delegado Bernardo Torres, o quadrilha fraudava licitações para conseguir desviar os recursos destinados ao transporte escolar. As investigações ocorreram após um pedido do Ministério Público Federal, com base em uma auditoria da Controladoria Geral da União, que apontou irregularidades entre os anos de 2011e 2014.
“O grupo criminoso também se utilizava da estratégia de lavar dinheiro. Uma rede de laranjas era usada para ocultar o patrimônio oriundo dessas práticas criminosas. Ele recrutava pessoas próximas a ele para ocultar o seu patrimônio. Havia imóveis, veículos em nome de terceiros, além de postos de combustíveis”, explicou.
Os envolvidos devem responder pelos crimes de desvio de recursos públicos, fraudes em licitação e dispensa indevida de licitação, formação e organização de quadrilha e lavagem de dinheiro. Dependendo das investigações, a polícia poderá solicitar a prisão dos envolvidos.
Participaram da coletiva os delegados Bernardo Gonçalves, Fábio Maia e Márcio Tenório, que foi o delegado responsável pela execução da operação e da superintendência de Pernambuco.
*Colaboradora