Uma das empresas sediada em Maceió alvo da Operação Hoder, deflagrada nesta terça-feira (13) pela Polícia Federal em Alagoas, Sergipe, Bahia e Goiás fraudava diagnósticos nos pacientes para desta forma conseguir mais recursos do SUS. Três pessoas foram presas, entre elas um médico.

A operação foi deflagrada em conjunto com a Receita Federal do Brasil e o Departamento Nacional de Auditoria do Sistema Único de Saúde para combater desvios de recursos do Programa Nacional de Combate ao Glaucoma e da Política Nacional de Procedimentos Cirúrgicos Eletivos de Médica Complexidade.

Segundo o superintendente da Polícia Federal em Alagoas, Bernardo de Torres, a empresa, que não teve o nome revelado, e tem sedes em Maceió, Arapiraca e Penedo, diagnosticava pessoas sadias com a doença para que os colírios que são repassados pelo governo federal fossem distribuídos. Em seguida, eram prescrevidos três colírios, mas apenas dois deles eram entregues ao paciente. O terceiro remédio não era entregue e a polícia suspeita que seriam revendidos a pacientes particulares.

“Algumas testemunhas foram ouvidas e disseram que recebiam dois colírios, mas assinavam no comprovante de recebimento três, e os funcionários dessa clínica justificavam que estava em falta os colírios e eles deveriam ir lá pegar depois, eles iam lá e nunca recebiam esse colírio”, revelou o delegado.

A clínica também prescrevia um colírio de R$ 205, quando na verdade um medicamento que custa R$ 18 seria o suficiente para o caso. O superintendente da PF disse também que em 2015 a empresa realizou um mutirão na Barra de Santo Antônio para realizar consultas oftalmológicas gratuitas para a população na Barra de Santo Antônio e das 190 pessoas consultadas, 75 foram diagnosticadas com glaucoma.

“Um desses pacientes foi ouvido, enquanto testemunha, é um indivíduo de 32 anos, foi diagnosticado com glaucomatoso no ano de 2015 no mutirão realizado em Barra de Santo Antônio, e se verificou recentemente através de laudo pericial que esse indivíduo não é portador de glaucoma, então ele foi atendido com se fosse, foi a algumas consultas depois, e se prescreveram colírios para ele usar diariamente como se fosse glaucomatoso isso tudo usando indevidamente as verbas do SUS”, afirmou.

Para o delegado federal, o número de pacientes diagnosticados na Barra de Santo Antônio expressa mais ou menos 40% do total de pessoas atendidas, o que é completamente destoante do percentual observado de glaucomatosos no mundo. Estima-se que há no mundo aproximadamente 65 milhões de glaucomatosos, disse ele.

A PF diz que há indícios de que médicos, funcionários e administradores estejam envolvidos na fraude. Os presos vão responder por organização criminosa e estelionato qualificado.

*Colaboradora