Depois de conseguir liminarmente a proibição da exibição de presos durante coletivas organizadas pela Secretaria de Segurança Pública (SSP), o defensor público Othoniel Pinheiro ingressou nesta quinta-feira, 25, com uma nova ação civil pública em face do Estado, desta vez para impedir a raspagem de cabelos, obrigatória nos presídios de Alagoas.

Coincidentemente, a ação distribuída para a 17ª Vara da Fazenda Pública Estadual, ocorre poucos dias depois da divulgação, nas redes sociais, de uma imagem do ex-prefeito e ex-presidente da Assembleia Legislativa de Alagoas (ALE), Celso Luiz, com a cabeça raspada. O ex-gestor foi preso pela Polícia Federal no dia 12 de maio, acusado de participação em um esquema que desviou cerca de R$ 17 milhões em recursos destinados à educação, segundo o inquérito.

Por meio da assessoria de Comunicação da Defensoria Pública, Pinheiro disse que o preso não pode ser obrigado a raspar o cabelo, pois não há lei que autorize o Estado a cumprir tal procedimento. Ele argumenta que há violação do direito à identidade, à integridade psicofísica e à liberdade de expressão.

“Existem pessoas condenadas ou em julgamento que não querem raspar o cabelo por inúmeros motivos e não podem ser obrigadas a isso, uma vez que a sanção constitucionalmente autorizada é a privativa de liberdade, não podendo existir qualquer outra medida compulsória que não aquela estabelecida”, explicou o defensor público.

Pinheiro também refutou a alegação da Secretaria de Ressocialização de que a medida visa evitar possíveis surtos de piolhos entre os presos: “A alegação é infundada, já que o problema quem causou foi o próprio Estado em não zelar pela salubridade nos presídios, não podendo haver violação de direitos dos presos por motivos que são criados por omissões estatais”, finalizou.

No final de março deste ano, o juiz Alberto Correia de Barros Lima, da 17ª Vara da Capital, proibiu a divulgação e exposição, por agentes públicos, de presos provisórios aos meios de comunicação.

A ação e a decisão do magistrado, da qual cabe recurso, gerou polêmica nas redes sociais entre pessoas favoráveis e contrárias a proibição. A nova ação deve seguir o mesmo caminho.


*Com Ascom/Defensoria Pública