(Atualizada às 17h)
Dezenove pessoas foram presas no domingo, 7, em João Pessoa, na Paraíba, acusadas de fraudar concursos públicos no Nordeste, inclusive em Alagoas, onde a quadrilha é suspeita de atuar nos certames da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e do Instituto Federal de Alagoas (IFAL).
De acordo com a Polícia Civil da Paraíba, entre os detidos estão Vicente Fabrício Borges e Flávio Nascimento Borges, irmãos que passaram em diversos concursos em Alagoas, entre eles o da Ufal, onde Flávio teria sido aprovado em dois cargos ao mesmo tempo. De acordo com o delegado Lucas Sá, os irmãos acumulam cargos na Polícia Militar de Alagoas.
Ainda segundo o delegado, há dois alagoanos entre os presos: José Marcelino da Silva Filho e Kamilla Marcelino Crisostomo da Silva. Lucas Sá informou à reportagem do CadaMinuto que o casal está entre os líderes da quadrilha.
O delegado disse ainda que todas as provas estão sendo reunidas e que no decorrer das investigações de concursos de outros estados vão ser encaminhadas para cada instituição tomar as medidas cabíveis, pois a DDF/PB só poderá investigar os certames ocorridos em solo paraibano.
A assessoria de Comunicação da PM/AL disse à reportagem do CadaMinuto que ainda não foi informada oficialmente do caso e que está aguardando o posicionamento do Comando Geral para divulgar maiores informações à imprensa.
os envolvidos têm participação em pelo menos 60 concursos fraudados. Durante 12 anos de atuação, a quadrilha movimentou cerca de R$ 18 milhões de reais.
As investigações da "Operação Gabarito" duraram cerca de três meses e foram comandadas pela Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF).
A PC informou que os suspeitos auxiliavam os candidatos através de um sistema de pontos eletrônicos e, para isso, cobravam valores que chegavam até R$ 150 mil.
Um grupo de dez pessoas foi detido em um condomínio de luxo no bairro do Cabo Branco, em João Pessoa, que funcionava como escritório da quadrilha. A PC chegou até o local após denúncias relacionadas a um concurso do Ministério Público Estadual do Rio Grande do Norte (MPE/RN). Os agentes apreenderam sete carros pertencentes ao grupo e mais diversos objetos utilizados nos golpes, como pontos eletrônicos, baterias, provas de concurso e cartões de crédito. Na cidade de Natal (RN), outras nove pessoas foram presas com suspeita de participação nas fraudes.
De acordo com a DDF, o primeiro concurso fraudado pelo grupo foi o da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) em 2005 e, desde então, a quadrilha agiu ininterruptamente. Os candidatos procuravam o grupo através de redes sociais e os criminosos os orientavam que o esquema só seria realizado se 10 estudantes topassem participar da fraude. Para isso, era cobrado um valor de 10 vezes o salário da vaga a ser alcançada. Ainda segundo a DDF, o preço variava de R$ 30 mil a R$ 150 mil.
Segundo a PC, o grupo ainda fornecia um "kit completo" para a aprovação dos candidatos nos concursos públicos. Eram disponibilizados diplomas de nível médio e superior, além de títulos e qualquer documentação para o cliente se inscrever na prova.
Além dos concursos em Alagoas, a quadrilha agiu também Guarda Civil (Prefeitura do Conde/PB), IBGE (PB), Polícia Civl (Pernambuco), Universidade Federal da Paraíba (UFPB), UFRPE, CRM (PB), HU Campina Grande (PB), TRE São Paulo, TRT 11ª (PB), TRF 2ª (PB), DEPEN (PB), CRO (PB), UFBA e Ministério Público Estadual (RN).
Confira a lista dos outros presos na Operação Gabarito:
Paraíba
Thyago José de Andrade, Hugo José da Silva, Marcelo Diego Pimentel dos Santos, Jamerson Izidio de Oliveira Silva e Alex de Souza Alves, Thiago Augusto Nogueira Leão
Rio Grande do Norte
Alisson Douglas da Silva, Chrystiann Machado de Araújo, Elaine Patrícia da Silva Medeiros, Darcio de Carvalho Lopes, Leonardo Alexandre Gomes da Silva, André Luiz Medeiros Costa, Edson José Claudino Ferreira, Marcelo Zanir do Nascimento e Luiz Antônio Ferreira de Oliveira.
Confira abaixo os vídeos do momento da prisão de Kamilla e os irmãos Flávio e Vicente
*Com Portal Correio e G1/PB