O alagoano escritor Graciliano Ramos nasceu em 27 de outubro de 1892, na cidade de Quebrangulo, AL, e, é considerado um dos grandes exponenciais da literatura brasileira
Em 30 de novembro de 2015, a Prefeitura de Maceió, AL, inaugurou uma escultura talhada em bronze do escritor, instalada na orla marítima de Maceió, em comemoração aos 200 anos da capital.
A estatua de Graciliano está plantada em um dos bairros nobre da capital alagoana..
Segundo o que escreveu em sua mini-biografia, o poema chamado de “Autorretrato” Graciliano não tinha muita simpatia pela sociedade burguesa.
Impavidamente solitário, na praia do bairro nobre, Graciliano olha com certa indiferença para o burburinho de turistas que manipula celulares, alguns raros com máquina fotográfica ( como eu) para se auto-retratarem ao lado da estátua em bronze.
Graciliano não gostava de vizinhos e dizia ter horror às pessoas que falam alto e detestava rádio, telefone e campainhas.
O menino pequeno chega curioso e depois de muito observar a estátua da ponta do pé até a cabeça olha para a mão de Graciliano que porta um cigarro e pergunta à mãe:
-E ele fuma, é?
A mãe: Fumava, mas faz muito tempo, porque ele já morreu.
E foi o cigarro quem matou?- pergunta o menino curioso e a mãe:- Não sei.
(Sim. Graciliano fumava três maços, por dia, do cigarro "Selma". Morreu vítima de câncer do pulmão, em 20 de março de 1953)
E voltando para a tarde do domingo carnavalesco observo uma família inteira chegar para tirar foto ao lado da estátua e invasiva, pergunto para a meninazinha com a esperteza no olhar:- Você sabe quem é o homem? E o que essa estátua representa?
A menina, que deveria ter uns dez anos balança a cabeça, em um veemente não.
A mãe que estava mais adiante baixa a cabeça, envergonhada. Ela também não sabe quem é o personagem imortalizado em estátua.
E novamente pergunto: E por que você está tirando foto?
E a menina, na maior logicidade do mundo:- Por que todo mundo tira. É tipo moda, entendeu?
Fiz que entendi, sem entender nada,para não demonstrar minha incompreensão.
Busquei no entorno placas informativas e instrutivas que possam levar o público a conhecer a história do escritor, valorizando assim os aspectos de interesse cultural e turístico.
Uma placa bilíngüe e que tivesse, também, a leitura em braile para deficientes visuais e que contasse uma breve historinha de quem foi Graciliano Ramos, e nada encontramos.
E saí dali pensando que a precariedade da sinalização do patrimônio impacta negativamente no turismo, na cultura e na história..
Quando a pessoa recebe informações sobre o escritor, ela se sente parte da história.
Mesmo sendo ateu, indiferente à Academia e um discordante de quase tudo, penso que nesse quesito, Graciliano teria concordância.
Já é hora da Prefeitura de Maceió rever essa questão.