O resultado do inquérito apontando como suicídio a causa da morte de Márcia Rodrigues, ocorrida em agosto do ano passado na residência do pai dela, em um condomínio em Paripueira, foi contestado pela família da jornalista. Em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira, 31, Maria do Carmo Rodrigues, a Carminha, mãe de Márcia e ex-mulher do delegado federal aposentado, Milton Omena Farias, pai de Márcia, disse acreditar que a filha foi assassinada por ele.

Ressaltando que a prioridade da família agora é em relação à liberdade de Milton Omena Neto, 23, preso pelo assassinato do avô na sexta-feira passada, Carminha defendeu que o neto agiu em legítima defesa e destacou o caráter agressivo do ex-marido: "Ele matou minha filha friamente... Era instrutor de tiro e tinha o comportamento muito agressivo”.

Ela também destacou que o ex-marido já havia tentado matar a filha durante uma discussão ocorrida em 2012. “Ele pegou um centro para jogar na cabeça dela, mas conseguimos evitar que acontecesse algo. Eu tenho uma bala alojada na perna até hoje por causa de um tiro que ele me deu, ele tentou me matar também. Como não acreditar que uma pessoa assim não mataria minha filha?”, questionou emocionada.

Tanto os familiares de Márcia quanto o advogado de defesa de Neto, Leonardo de Moraes, não descartaram a possibilidade de contratar uma perícia particular para investigar a morte da jornalista. Eles denunciaram que a tarefa não será fácil, no entanto, já que Milton Omena Farias teria queimado o colchão, trocado todo o piso do quarto e destruído outras provas de extrema importância na cena da morte, um dia após o suposto suicídio.

“No dia do crime, Milton Omena Farias disse ter socorrido Márcia, porém, quando a polícia e a perícia chegaram ao local, ele havia tomado banho, estava com as mãos limpas e não havia marcas de sangue”, completou um familiar que preferiu não se identificar.

Exame residuográfico

Para o advogado Ronald Tenório, o exame residuográfico – que foi enviado para ser feito na Polícia Federal em Brasília – é necessário para o laudo. “Há muitas perguntas e poucas respostas, podemos dizer que a conclusão que foi apresentada ontem é inconclusiva”, ressaltou.

O outro advogado, Leonardo de Moraes, reforçou que há algumas brechas no caso e pontos que não foram esclarecidos, sempre frisando que a prioridade, no momento, é a soltura de Milton Neto.

Segundo Moraes, apenas os vizinhos que moram atrás da casa de Milton Omena ouviram os tiros no condomínio e Milton, que estaria dentro do carro em frente à residência, alegou não ter escutado nada. Além disto, o advogado também comentou que vizinhos escutaram uma discussão entre pai e filha tanto no dia anterior quanto no dia do crime.

Milton Neto

Maria do Carmo comentou que o neto estava ansioso para a conclusão do laudo e tentou conversar com o avô para que ele confessasse o que fez: “Ele não foi até o condomínio matar o avô, ele apenas se defendeu de algo que poderia ter se tornado outro crime, ele não tem perfil de assassino”.

Ela também destacou que Milton sempre foi conhecido pela sua inteligência e por ser um neto carinhoso. “Neto estava estudando na Irlanda com uma bolsa de estudos que ele batalhou para ganhar e voltou para cuidar de mim após a morte da mãe, ele fez cursos na NASA e ainda por cima, ajudava a irmã nos projetos pessoais. Não consigo entender por qual motivo ele está preso”.

*Colaboradora