Lembro da primeira professora, aos sete anos, seu nome era Auta e na lembrança da infância, no Grupo Escolar Correia da Neves, o Frango Assado, ela era intocável e perfeita.
A segunda professora, já na quarta-série primária e na mesma escola, que me permitiu leituras e questionamento tinha nome de Eunice e ensinava religião. O olhar materno e agregador nos mantinha na linha com uma autoridade suave e férrea. Com ela aprendi mitos e ritos e incorporei a “culpa católica”. Do pecado original.
As outras professoras vieram depois. Ana era a professora de português no Colégio Cônego Machado trazia sempre um lencinho a mão, e de quando em vez, levava a boca suavemente, como a expulsar sujeiras incômodas. Tinha a leveza das mulheres elegantes e uma amabilidade que despertava em nós a ânsia de fazer mais e melhor, a tal da superação.
A professora Ana capturava nossos espíritos, inocentemente, rebeldes e os fazia cativos das descobertas. Com ela despertei para a magia da escrita. Com ela explorei o mundo das interpretações literárias e me fiz escrevente. Ganhei meu primeiro prêmio literário com a escrita de uma peça teatral, pomposamente chamada de Anhangá, o Rei da Floresta.
Já no curso superior estudei com Tânia Lamenha. De estatura grande carregava consigo a linguagem hábil de quem tinha paixão em ser professora. Mulher de extrema simplicidade foi uma mestra excepcional. Era a professora que revisava meu caderno de poemas.
Foram várias mulheres professoras que marcaram fortemente a minha vida.
Com elas aprendi a reordenar parágrafos. Apreendi a aventura das grandes descobertas.
Foram únicas.
Todas minhas professoras magníficas.

Raízes da África