"Quando eu tinha 17 anos a minha professora de redação do 3º ano estava falando sobre padrões de comportamento e aparência em entrevista de emprego.
Não lembro de tudo que ela "ensinou" naquele dia, mas jamais esquecerei sobre o ponto em que ela citou o padrão perfeito para a aceitação de mulheres como eu (negra e de cabelo crespo)
" Vocês, que tem o cabelo crespo por exemplo, o ideal é cortar baixinho, tipo joãozinho, para não chamar muito atenção"
Acho que a maioria das minhas amigas não devem nem recordar desse dia, mas eu, apesar de não ter emitido nenhuma opinião na ocasião, mesmo por que me faltava o empoderamento e a retórica necessária para contra argumentar o " mestre" Ainda assim, não deixei de sentir a dor da rejeição.
Essa é só uma memória, dentre tantas que me constituem.
Muitas não foram nunca compartilhadas...
Muitas nem se quer foram percebidas como manifestação do racismo à época.
E muitas pesaram tanto que preciso diariamente lutar para dissolvê-las.
Entender que o racismo é cada vez mais subjetivo é essencial para a luta e o combate.
Estão vista nossa pele...
" No momento da discriminação não há diploma que te salve"