Escrevinhado por Zilda Chaves, Mulher  preta , favelada e de luta, no Rio de Janeiro.

 

 

Ser preto não é fácil todo preto sabe disso, agora tem uns irmãos pretos que não tem nenhuma noção do que é ser preto e favelado, o pobre, mais pobre de “Gessy”. 
Carregar lembranças que só os das favelas tem, lembranças de a mãe pedir pra ir catar caruru pra comer com angu,  para não dormir com fome e o preto não suportar angu.
Lembranças dos que não mais estão entre nós, e ter certeza  de que  se não estão porque eram pretos, uns pela bala barulhenta, outros pelo silêncio genocida do estado.
Não nos venham falar das suas dores de ser preto, sabemos bem como é.

Você e que não sabe das nossas.

Não recite o jargão da moda NÓS POR NÓS.

Quando você entra para sua casa pensa nos barracos furados de balas?
Quando você admira sua refeição pensa nos tantos pretos que vão dormir com fome?
Quando você vai ao seu médico, de hora marcada, pensa nos das favelas que morrem

sem atendimento, por longa espera?.

Ou já acordou com policiais arrombando sua porta na madrugada?

Que as escolas que você estudou nossas mães só entravam pra limpar, a tiazinha da limpeza?
Caiu a ficha de que nem todos sofrem iguais por serem pretos?

Estamos de olho!

 

 

Fonte: Zilda Chaves