O nome do meu pai é Antônio Pedro. Era conhecido como mestre funileiro
Meu pai morreu faz 14 anos e se vivo fosse, hoje (20/09) faria 87 anos.
Era um sujeito áspero de um coração enorme. Apesar da rudeza das palavras que impactava a alma da gente, trazia a integridade de caráter como marca de vida.
Fugiu jovem de Matriz de Camaragibe, interior do estado de Alagoas, direto para a capital Maceió, para não ser esmagado pelo poder da cana de açúcar que adoça a vida, mas escraviza pessoas.
Meu pai não tinha medo da vida, o temor era a dependência moral e física. Nunca quis ser empregado de ninguém, pois não admitia receber “ordens” de patrão nenhum. Acreditava no trabalho como força motor para o crescimento econômico e pessoal. Amava o que fazia e dizia que a melhor morte seria aquela que o encontraria trabalhando. Eu penso igual.
Hoje em mim existe o sentimento da ausência do Seu Antônio Pedro, aquele mesmo que me chamava de Sinhá Arísia.
Ainda guardo comigo os valores da sacrossanta honestidade ,que meu pai fazia questão de repassar a todos os nove filhos.
Era semianalfabeto, mas foi com ele que apurei o olfato, tato, coração para a leitura. Isso me levou a ser escrevente que hoje sou.
Eu, criança bem que fuçava em sua funilaria querendo aprender o ofício do mestre, mas ele me mandava sair dizendo que era coisa para homem.
Meu pai era assim: distinguia lugares de homens e mulheres.
Faz tempo que não vejo meu pai fisicamente, entretanto a lembrança é tão presente que hoje acordei e disse: Feliz Aniversário, seu Antônio.
Hoje meu pai vive a vida eterna.
Saudades!