NN: Quando um meio de comunicação muda a cultura de uma cidade

21/08/2016 11:40 - Clau Soares
Por redação
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(Dedico esta matéria a Jarbas Lúcio, grande comunicador de Arapiraca que faleceu na madrugada deste domingo).

Em 1922, a primeira transmissão oficial de rádio no Brasil era realizada, no Rio de Janeiro, na época, capital do País. Mais de cinco décadas depois, em 20 de agosto de 1976, o meio de comunicação chega à Arapiraca, com um gostinho de vitória diante de tantos entraves durante o processo de liberação pelo Governo Federal. A Rádio Novo Nordeste, na ativa há 40 anos, tornou-se “A Pioneira”, abrindo o caminho para veículos e profissionais da área.

A história da chegada do rádio ao Agreste alagoano é contada no livro “A Saga da Rádio Novo Nordeste: A pioneira”, de Judá Fernandes de Lima e Almira Gouveia Alves Fernandes, publicado em 2013. Na obra, os autores revelam, entre tantos outros detalhes, que Arapiraca sequer estava no Plano Básico de Canais do Ministério de Comunicações.

Segundo os autores, na época uma comitiva foi formada por empresários e autoridades locais a fim de garantir a liberação de um canal para a região. Os pedidos chegavam insistentes ao Ministério, a ponto do ministro confessar em uma conversa que só faltava “Nosso Senhor Jesus Cristo” solicitar o canal de rádio para Arapiraca.

A chegada da Rádio Novo Nordeste virou um marco e uma referência, proporcionando diversas mudanças culturais e contribuindo diretamente para o desenvolvimento local.

Revelando profissionais

Em seus estúdios, grandes nomes da comunicação foram revelados. Entre eles, o radialista Nelson Filho que, mais que comunicador, tornou-se um símbolo da cidade e, principalmente, do ASA de Arapiraca.

Nelson Filho lembra que trabalhava em uma rádio, em Sergipe, sua terra natal, quando foi convidado para narrar um jogo entre ASA e Sport Clube Recife, em 1977. Ele só tinha 18 anos de idade. “Eu era principiante”, disse. Foi a primeira vez que ele esteve em Arapiraca e, antes do final daquele ano, Nelson se mudava, definitivamente, para o município alagoano. De lá para cá, passaram-se 39 anos. Dos quais, somente um não foi trabalhando na Novo Nordeste.

O radialista conta que, apesar de não ter formação na área, descobriu a vocação ainda na adolescência. “Sou um autodidata no rádio. Não fiz nenhum curso para ingressar na radiofonia esportiva. Fiquei fã de rádio porque tinha um irmão que era radialista. Acompanhava muito o trabalho dele, dos outros profissionais”, explica.

Sobre a sua relação com a Novo Nordeste, Nelson declara: “nossas vidas se confundem. Nunca me imaginei fora desse convívio da rádio Novo Nordeste, apesar de que um dia vou ter que me afastar, por um motivo ou por outro. A rádio Novo Nordeste é, profissionalmente, intimamente, a minha vida”.

Nelson Filho: 12o jogador do ASA

Conhecido como a “explosão do rádio”, Nelson Filho é singular nas narrações dos jogos nos quais o ASA está em campo. A emoção vai além das ondas sonoras e contagia os ouvintes. “Alguém já disse antes e eu concordo: a narração do Nelson Filho é o 12o jogador do ASA”, destaca a jornalista Mariana Lima, pernambucana, torcedora do time arapiraquense.

Mariana Lima costuma assistir aos jogos do ASA, pela rádio Novo Nordeste, com o pai, arapiraquense, Benigno Nascimento, e explica que a narração de Nelson Filho é indispensável de tão “característica”. “Tem que ter nervos pra acompanhar. Tem hora que ele narra, tem hora que ele torce e a gente não sabe o que esperar, sofre junto. Aprendemos com nossos tios, víamos a agonia de painho, foi uma coisa que aprendemos a "conviver" desde que passamos a acompanhar o ASA”,  diz.                

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