Se eu tivesse que apostar cravaria que o deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não será cassado. Todos os sinais são claros, especialmente quando o caso - votação pelo plenário – é empurrado para o futuro. E isso interessa a todos os atores: Cunha, Temer e mais uns 200 deputados.

Um dos delatores da Operação Lava Jato, o lobista Júlio Camargo, disse que em 2011 foi extorquido por Cunha para pagar propina de US$ 5 milhões e que a justificativa dada pelo parlamentar era que tinha uma bancada de 200 deputados para “sustentar”.

Tudo caminha para que a pauta de cassação do deputado seja colocada em votação após a decisão sobre Dilma. Exatamente o que quer o governo Temer. Ou seja, ficará para o mês de setembro, período em que os deputados estarão bastante envolvidos nas eleições municipais.

Portanto, com um grande risco de falta de quórum ou com a presença majoritária dos parlamentares “alimentados” por Eduardo Cunha. E assim o tempo vai passando, passando e novas pautas ocupam o espaço na mídia.

Bem antes disso, porém, Dilma estará afastada, embora algumas ações ficarão registradas na história e serão usadas na próxima eleição presidencial. Como exemplo cito a decisão dos deputados federais Paulo Teixeira (PT-SP), Paulo Pimenta (PT-RS) e Wadih Damous (PT-RJ).

Eles decidiram recorrer à Comissão de Direitos Humanos da OEA (Organização dos Estados Americanos) para tentar paralisar o processo de impeachment. Dilma também deverá assinar o documento como vítima.

Alegação deverá ser que ela não responde a processo criminal nem há lei anterior que define pedaladas como crime, identificação de situações na Câmara, no STF e no Senado em desacordo com protocolos internacionais e que o Judiciário brasileiro lavou as mãos sobre o caso.

Ou seja, o PT vai lutar e deixar registrado tais fatos. No entanto, Dilma caiu - a não ser que ocorra algum fato extraordinário.

O “tchau, querida” de Cunha, Jair Bolsonaro ainda ecoam. Assim como a lembrança de tantos deputados e senadores que, durante as campanhas eleitorais, brigavam para convencer o eleitor de que tinham o apoio de Dilma e de Lula.

Essa é a nossa política: Sobrevivência, conquista e manutenção do poder.

Ao povo.... Bom, o povo é um detalhe.