E não era para menos. O presidente interino Michel Temer (PMDB) sabe que em política é preciso haver uma saída para quem está acuado. É dessa forma que se encontra Eduardo Cunha, que deverá ser cassado em agosto.
A pergunta que é feita é: Uma eventual cassação do ex-presidente da Câmara pode colocar em risco a votação de impeachment no Senado? É que Cunha pode abrir o bico e atingir diretamente o atual governante.
Circula no congresso que o deputado está irritado e se sente abandonado desde que o governo dos seus companheiros de partido optou por não apoiar o seu candidato, Rogério Rosso (PSD-DF), derrotado por Rodrigo Maia (DEM-RJ) na disputa pela presidência da Câmara.
Com Rosso Cunha tinha chances de salvar o mandato. Com Maia inexiste compromisso político. Sem saída e acuado, é assim que se encontra Eduardo Cunha que, além de ter sido obrigado a renunciar à presidência da Câmara e correndo o risco de ser cassado, tem a sua mulher e filha como rés em processos nas mãos do juiz Sérgio Moro.
Para piorar o quadro, nesta quinta-feira (21) o STF começa a ouvir testemunhas de acusação de uma ação penal da Lava Jato que envolve o parlamentar. O primeiro a ser interrogado é o doleiro Alberto Yousseff.
Eduardo Cunha é acusado de receber cerca de US$ 5 milhões em dinheiro desviado de contratos de navios-sonda da Petrobras. A defesa de Cunha tentou adiar os depoimentos, mas não conseguiu.
Nos capítulos da novela da crise política, especificamente quanto ao personagem Eduardo Cunha, assistimos anteriormente o episódio “Fechando o Cerco”. Agora vemos “Sem Saída”. Há quem aposte que a próxima série será chamada de “A Delação”. E em seguida “Cunha Atinge Temer”.
Os títulos sugeridos são apostas. Por enquanto, vamos aguardar o desenrolar dos fatos, dos capítulos e das versões dessa novela que reúne ingredientes políticos e policiais.