Todas as decisões tomadas para a construção de uma chapa para a disputa de uma eleição são fundamentais. Desde os apoios conquistados, coligações, candidatos a vereadores e, principalmente, na escolha do vice. A própria história mostra tal fato com exemplos concretos.
Para não irmos muito longe nem buscar tantos exemplos, vou relembrar dois. O primeiro é o vice-presidente da República, Michel Temer (PMD). Aproveitou-se da crise política, policial e econômica e trabalhou intensamente para afastar a titular, Dilma Rousseff (PT), provisoriamente.
E agora permanece articulando, ainda mais, para o afastamento definitivo da presidente eleita com mais de cerca de 54 milhões de votos. Consequentemente, caro leitor, dá pra perceber o quanto é importante a escolha do substituto do titular nesse tipo de atividade profissional, certo?
Pois bem, o segundo exemplo que cito ocorreu em Maceió. Durante os dois mandatos do então prefeito Cícero Almeida ele teve como vice a arquiteta Lourdinha Lyra. No primeiro mandato foi indicada pelo seu pai, o empresário João Lyra. No segundo foi preciso que houvesse a intervenção do senador Benedito de Lira e do deputado federal Maurício Quintella.
É que Almeida queria trocá-la por outro nome. Como não conseguiu, repetiu o que fizera no primeiro mandato. Lourdinha nunca, jamais, por um instante sequer, um dia que fosse, o substituiu. Não há levantamento que comprove, mas dizem que foi a primeira vez no Brasil que o vice de uma capital não assumiu o cargo de prefeito.
E se analisarmos pelo comportamento, se olharmos pra trás, qualquer um pode afirmar que, caso eleito na disputa pela prefeitura de Maceió, Cícero Almeida pode repetir o que fez com Lourdinha com o seu futuro vice. Ou não?
Ao contrário do atual prefeito, Rui Palmeira (PSDB). Por várias vezes permitiu que o vice-prefeito, Marcelo Palmeira (PP), assumisse o cargo e participasse ativamente das decisões de governo.
Aliás, tudo caminha para que dois repitam a dobradinha. E esse teria sido o principal motivo do não entendimento entre Rui e as lideranças do PMDB alagoano, que queriam indicar o vice.
O prefeito não aceitou essa exigência. É que com os Calheiros indicando o vice de Rui Palmeira o deixariam amarrado, preso, e até impedido de dar um salto político maior - caso seja reeleito – em 2018, quando haverá disputa para o governo estadual e duas vagas para o Senado.
Porque um vice que assuma e não apoie o prefeito lhe tira o poder ao impedir que construa e articule novos apoios políticos. Tudo o que os Calheiros queriam. Tudo que Rui optou por não lhes dar. Afinal de contas, sabe-se lá como estarão às possibilidades e o quadro político local e nacional em 2018, não é mesmo?
Portanto, o cargo de vice é uma escolha fundamental para o futuro do titular e, claro, também do vice. Porque é preciso que este agregue qualidade, confiança, lealdade e votos. Além do mais, caso consiga ter visibilidade e até assumir definitivamente e honestamente a titularidade, pode sonhar com voos mais altos.
Prefeito e vice é como um casamento que simboliza amizade e cumplicidade. Embora o titular comande e chefie, o vice opina e orienta em muitas decisões.
Agora, se o titular esconder e impedir que o vice atue o futuro deste é o ostracismo político.
Os exemplos são claríssimos.