No início da manhã do dia 25 de julho de 2014 todos os meios de comunicação estamparam com relatos e fotos uma operação no Sertão. Uma ação do Gecoc, PM e Polícia Civil prendeu suspeitos de integrar um grupo envolvido em assaltos a bancos na região – especialmente em Mata Grande e Canapi - e com ramificações em Pernambuco.

O fato que chamava a atenção era o envolvimento do vereador por Mata Grande, João Sérgio, também funcionário do Banco do Brasil em Canapi. Pois bem, a presença do vereador entre os demais presos ganhou imenso destaque na mídia. Quem acompanhou a ação foi o promotor Luís Tenório Oliveira, como sempre, certo de que todos eram culpados e bandidos.

A esposa e as duas filhas adolescentes presenciaram tudo. Foi um choque. Momentos de desespero. Políticos oposicionistas tinham certeza de que João Sérgio estava envolvido e alardeavam o caso, que o promotor reafirmava sem nenhuma dúvida. Parentes, alguns aliados e amigos tinham certeza do contrário e lhe deram apoio.  

Quase dois anos depois João Sérgio prepara-se para disputar o seu quinto mandato. Nos últimos dias conseguiu, por decisão da Justiça do Trabalho, reassumir o seu cargo no banco e receber todos os salários e vantagens do período em que esteve afastado. É que ele sequer foi denunciado pelo promotor. Faltaram provas.

Mas foi preso e exposto sendo inocente. Quase teve a sua imagem pública destruída.

No dia 28 de abril deste ano, o mesmo promotor, acompanhado por policiais, cercou o prédio e entrou no apartamento do advogado Luciano Lima Lopes, acusando-o de participar de fraudes em licitações, cujo esquema teria ramificações em várias prefeituras. Luciano foi detido e liberado no mesmo dia.

Também teve a sua imagem exposta publicamente. Sem camisa, foi fotografado e filmado na sala da sua casa, recém acordado e assustado. Em menos de uma hora essas imagens foram disponibilizadas para os veículos de comunicação. No apartamento do advogado estavam apenas à esposa dele e seus filhos, duas crianças e uma adolescente. Foi um desespero.

Porém, algumas vezes as histórias mudam tanto de rumo que assustam. Coisas da novela da vida. O promotor de Justiça Luiz Tenório Oliveira de Almeida está sendo investigado pela Corregedoria do Ministério Público Estadual de Alagoas. Ele foi acusado de "perseguição ao Município de Monteirópolis desde que o prefeito Elmo Antônio de Medeiros se negou a contratar seu filho - Oscar Tenório de Novais Almeida - como advogado da prefeitura."

Via assessoria do MPE procurei saber como está o caso. Como é um procedimento administrativo, “a Corregedoria não se pronuncia sobre o assunto”, que corre em sigilo e isso é regra. Também tentei uma opinião do promotor sobre o caso do vereador João Sérgio. Mas não conseguiram contato com ele.

Pra gente pensar e opinar:

É justo suspeitos serem expostos e apresentados como criminoso sem direito ao contraditório, defesa e julgamento?

É correto, depois que nada é provado, o silêncio do representante do Estado-denunciador-acusador?

Se o suspeito é um empresário ou pessoa comum é apresentado, mas se a denúncia é contra um membro do MPE há sigilo. Isso tá certo?

Bom, e com o fim das minhas férias...

Vida que segue.