O senador Benedito de Lira (PP) chamou a atenção, durante pronunciamento nesta quarta-feira, 29, para o que quase todo brasileiro já sabe: os juros do cheque especial e do cartão de crédito são abusivos e estão entre os mais altos do mundo.
Reconhecendo que a situação é "vergonhosa", Lira puxou a própria orelha e a dos colegas: “Há centenas e milhares de empresas fechando as portas, outras dezenas e centenas de empresas entrando em recuperação judicial, e nós não fazemos absolutamente nada. Assistimos a isso de camarote. É essa a obrigação que nós temos? E o que é que nós estamos fazendo aqui? Discutindo politicagem, discutindo política, discutindo determinados assuntos que não levam a lugar nenhum, a nada? Não”.
Lira se baseou em dados do Banco Central (BC) para fazer a reclamação. De acordo com a instituição, os juros do especial subiram de 308,7% em abril para 311,3% em maio deste ano, a maior taxa em 22 anos.
A situação é ainda pior em relação ao cartão de crédito, cujos juros médios aumentaram de 452,4% em abril para 471,3% em maio.
O senador lembrou ainda que, nas operações de crédito para pessoas físicas, a alíquota média cobrada pelas instituições bancárias atingiu 117,6% ao ano em 2015 e também subiram os juros para financiamento em geral.
Ele cobrou do governo federal e do BC medidas para a redução dos juros, cobrou dos colegas contribuições para mudar o quadro e alfinetou as instituições financeiras que, segundo ele, seguem “muito satisfeitas”, apesar da crise.
“O que essas cifras mostram? Mostram que, apesar de o País estar passando por um período crítico tanto na economia quanto na política, alguns setores da sociedade estão bastante satisfeitos. Agora, eu pergunto: qual o setor da sociedade que está satisfeito? Claro que eu não estou falando dos brasileiros que veem o fantasma do desemprego rondando suas vidas, que têm seus salários drenados”, disse o senador.
Lembrando que, em reportagem de dezembro de 2015, ao se referir aos juros das linhas de crédito oferecidas no Brasil, o jornal The New York Times disse que eles "fariam um agiota americano sentir vergonha", o senador disse, por fim, que está trabalhando em um projeto no sentido de mudar essa realidade.
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