Ela é quilombola lá do Norte, do estado do Pará e seu nome é Pérola.
Uma pérola preta, rara e que ilumina e contagia multidões.
É mulher bem conversadeira e falante das coisas do mundo.
Articuladora da palavra nos conta sobre o racismo institucional que, no século 21, ainda limita as possibilidades de ascensão dos quilombos.
Ela nos conta histórias, fala de uma arraigada auto-estima que foi aprendendo ao longo da vida de exclusões.
Diz que o sonho é entrar na Universidade, mas a falta de conexão entre o que fala e o que escreve vem impedindo a entrada no mundo acadêmico.
Falar eu falo muito bem- diz. Quando vou para as entrevistas sempre tiro nota boa, mas, o grande problema é na redação... É isso que me derruba, não tenho intimidade com a escrita- complementa.
Desde os tempos imemoriais os quilombos têm a oralidade como elo de comunicação. A história passa de geração em geração a partir dos fatos contados.
Pérola, a oralista nos fala ainda de uma professora que sentenciou em sala de aula, que um aluno quilombola não tinha conhecimento algum.
Presente, a quilombola contestou: “Alto lá professora. Eles sabem sim! Peça a um desses meninos ou meninas para ir ali plantar maniva para senhora aprender como eles tem conhecimento da terra. E isso, professora é conhecimento único. Especial.
O povo quilombolas, professora, é um povo rico de conhecimentos!”
Foi um prazer conhecer a Perola que arrancou risos e aplausos de satisfação da plenária presente no Seminário Quilombolas do Pará: Terra, Território e Educação, acontecidos nos dias 02 a 03 de junho, na Universidade Federal do Pará ,