Reportagem especial da Folha de São Paulo de ontem lembra que daqui a três dias completa vinte anos das mortes do empresário Paulo César Farias e sua namorada Suzana Marcolino. A matéria questiona a tese de que Marcolino matou o namorado e se matou.

“Dois tiros sem nenhum autor. Dois mortos numa casa vigiada por quatro seguranças sem nenhum culpado”, diz o texto assinado pelos jornalistas Estêvão Bertoni e Juca Varella. “O assassinato de Paulo César Cavalcante Farias e de Suzana Marcolino da Silva completa duas décadas na próxima quinta-feira (23) com a mesma pergunta sem resposta: Quem matou PC Farias?”, indagam os repórteres, continuando: “Faz 20 anos que se busca uma solução para um crime que abalou a política brasileira nos anos 90 e que, desde o júri em 2013, foi reconhecido como duplo homicídio”.

O júri citado na reportagem da Folha é o que absolveu, por 4 a 3, os seguranças do empresário na noite das mortes, apesar de os jurados terem entendido que uma terceira pessoa matou o casal. O promotor de Justiça Luiz Vasconcelos, que atuou no caso a partir de 1998, deu sua opinião na matéria. Segundo ele, as provas de que Suzana Marcolino não matou PC e nem se matou, “são incontestáveis”. Ele diz ter 100% de certeza do que fala.

A família de Suzana também nunca acreditou na versão de crime passional.

À Folha de São Paulo, a irmã de Suzana, jornalista Ana Luiza Marcolino, cobrou: “O Estado brasileiro deve muito à minha família. Ficou uma coisa que ninguém quis resolver. Por que não? No Brasil, quando a polícia e a Justiça querem, se revolve”.

O advogado da família, José Fragoso, também falou aos jornalistas. Segundo ele, a tese da acusação não se sustenta. "Não tem começo, meio e fim", assegura ele.

A reportagem foca em contradições de laudos e opiniões de peritos e também na contaminação da cena do crime e na destruição de provas, como o colchão e o lençol onde o casal foi assassinado que foram queimados, e coloca, de novo, o assunto em debate: “Até hoje, porém, não se sabe quem atirou no tesoureiro de campanha do ex-presidente Fernando Collor (1990-1992). Nem se houve mandante para o assassinato da peça central do esquema de corrupção que levou ao primeiro impeachment do país, em 1992”.

Mas, e se não fosse PC Farias a peça central da derrocada de Collor do poder, se fosse o empresário e Suzana apenas um casal de namorados sem holofotes, seria possível considerar a possibilidade de o crime ter sido passional?

Link da matéria:

http://temas.folha.uol.com.br/20-do-assassinato-de-pc-farias/caso-pc-20-anos-do-crime/misterio-ate-hoje-e-sem-culpado.shtml