Apenas duas semelhanças unem o ex-prefeito de Maceió Cícero Almeida (PMDB) e o vice-prefeito de Atalaia Fernando Lyra (PSL): Ambos deram início destacado as suas carreiras políticas a partir do empurrão do ex-deputado federal e empresário João Lyra.
Segunda: Os dois entram na disputa pelas prefeituras da capital e de Atalaia, respectivamente. Param aí as semelhanças e sobram profundas diferenças de estilo e história. A página final desse capítulo das suas trajetórias será escrita na apuração dos votos, em outubro.
Jovem, simpático, de conversa firme e de bom trato, Fernando Lyra já se desgarrou da desastrosa administração do prefeito Zé do Pedrinho, de Atalaia. Desde o início do mandato firmou laços fortes com a população ao circular nas ruas da cidade, feiras e na zona rural.
E vai mesmo para o embate com o objetivo de fortalecer e avançar na construção da sua carreira. Articulado e sem responder a nenhum processo, já iniciou entendimentos que deverão lhe garantir importantes apoios na disputa municipal. E tudo tem o seu tempo para ser anunciado, apresentado e colocado em campo.
Já Cícero Almeida vem sendo atingido constantemente por um tema que, certamente, vai causar sérios prejuízos a sua candidatura. Ele foi intimado pelo ministro Dias Toffoli a prestar esclarecimentos ao Supremo Tribunal Federal na Ação Penal que trata sobre a Máfia do Lixo.
O esquema consistia em assinatura de contratos ilegais entre a Prefeitura de Maceió – quando Almeida era o gestor – e empresas que coletavam lixo na capital. Teriam sido desviados mais de R$ 200 milhões dos cofres públicos.
Ou seja, nesses tempos em que foi revelado o esquema de corrupção que enriqueceu políticos e empresários descobertos a partir da Operação Lava Jato, o tema dominante em algumas campanhas eleitorais será corrupção.
O que não será diferente na disputa em Maceió. E essa questão será, certamente, ainda mais alimentada por aqui. Não só pela Máfia do Lixo, mas também pelo envolvimento de políticos alagoanos do PMDB suspeitos e acusados de terem sorvido o “ouro negro” da Petrobras.
E muito mais está por vir com novas delações de empreiteiras que sustentaram com esquemas ilegais candidaturas de senadores, deputados e governadores dos principais partidos: PMDB, PSDB, PT, PP, PR, entre outros.
Tudo indica que até mesmo o presidente interino-definitivo, Michel Temer, será fortemente atingido. E ainda pode haver a delação de Eduardo Cunha, que todos apostam ser simplesmente atômica.
Portanto, Cícero Almeida terá dias de campanha pra lá de complicados pela Máfia do Lixo e o envolvimento de alguns dos seus principais apoiadores do seu partido acusados e denunciados por corrupção.
Quem viver verá.