A jornalista Tereza Cruvinel avalia com sabedoria que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tem um relógio preciso para agir de acordo com o “tempo político”. Assim tem feito durante todo esse período em que deputados, senadores, gestores e empresários têm sido atingidos duramente pela Lava Jato.

Cirurgicamente tem atuado em fina sintonia com o juiz Sérgio Moro. Abateram Lula e Dilma ao liberarem a gravação da conversa entre ambos – quando o ex-presidente estava prestes a assumir o comando político do governo – que teve o poder incendiar o ambiente político e irritar ministros do STF.

Também agiram no exato momento em que o PP se acertava com o governo, dias antes da votação da admissibilidade do processo do impeachment pela Câmara. Na mesma semana, sete políticos do PP foram indiciados.

O partido mudou de lado. Optou pela promessa, como tantos, de que um novo governo conseguiria arrefecer as investigações. E isso agora ficou claro com o vazamento da conversa do senador Romero Jucá (PMDB) com o ex-diretor da Petrobras, Sérgio Machado, cuja delação premiada foi aceita pelo STF.

Agora surge a do presidente do Congresso, Renan Calheiros (PMDB), com o mesmo Sérgio Machado cujo conteúdo é mostrado aqui ao lado pela jornalista Eliane Aquino.  Ora, se todos esses vazamentos tivessem sido liberados em outro momento certamente alguns senadores não teriam votado a favor do afastamento de Dilma, que caiu por um voto.

E esse fato é confirmado pela mudança de posição imediata de dois senadores após o vazamento Jucá-Machado: Cristovam Buarque (PPS-DF) e José Antonio Reguffe (Rede-DF). Ambos assinaram pedido de abertura na PGR de investigação sobre o conteúdo da conversa.

Janot e Moro, definitivamente, têm imensa sabedoria de ação. Sempre que um político suspeito, renomado e poderoso reagia com questionamentos tinha como retorno o vazamento das investigações e dados das delações premiadas.

Não é segredo para quem acompanha o mundo político como funciona o financiamento de uma campanha eleitoral. Candidatos e partidos são abastecidos por empresários. Os maiores investidores são aqueles que têm grandes contratos com os governos estaduais, municipais e federal.

E isso é muito antigo. Só que agora foi desmascarado, do ponto de vista jurídico e policial. E envolve PP, PR, PMDB, PSDB. Poucas siglas escapam. O PT, por exemplo, organizou o esquema para poder governar. Ao não conseguir, ou aceitar, proteger o esquema, dançou.

Para concluir – e alguns poderão me considerar louco -, suspeito que o relógio sincronizado do procurador e do juiz quando liberam delações e gravações objetiva a conquista do governo federal.

Vejamos: Derrubaram Dilma e Lula, quando poderiam salvá-la. Detonaram Cunha e Waldir maranhão, atacam Renan, abatem o grande articulador do afastamento de Dilma e presidente do PMDB, Romero Jucá, e deixam que todos nós saibamos que esses políticos articulavam uma solução com os ministros do STF. Ora, isso encurrala os juízes do Supremo e detona a estratégia.

Ou seja, ambos desviam o desejado caminho da solução pacífica, com menos vítimas. Porém, ao mesmo tempo em que destroem e colocam sob suspeição todos da linha sucessória presidencial, deixam um leve espaço para o último dessa sequência, que é o presidente do Supremo Tribunal Federal.

Será essa a solução final?

Aguarde cenas dos próximos capítulos.