Com lixo, ela ganhou Ouro e reconhecimento em Arapiraca

06/03/2016 12:47 - Clau Soares
Por redação
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Há três anos, a artista plástica e artesã Lucineide Bispo decidiu abrir seu próprio negócio, em Arapiraca, com R$ 200 que ganhara de um amigo. Com o pouco dinheiro que tinha e o talento para as artes, ela procurou o Sebrae para pedir orientação. Foi aí que decidiu abrir a Lu Artes Recicla, uma microempresa individual, cuja proposta era transformar lixo em itens para consumo.

Quando começou a trabalhar com artes, há mais de 15 anos, Lucineide Bispo pintava telas que ela mesma fabricava com madeira reciclada. Ela lembra que passava em serralherias e pedia os refugos. “Foi assim que consegui criar meus três filhos”, diz. As pinturas eram vendidas em feiras e para empresas locais. “Ainda vejo algumas quando vou a um dos restaurantes e bares para os quais vendia”, fala.

Após abrir sua própria empresa, ela passou a fazer diversos produtos a partir de todo tipo de material reciclável, desde embalagens de leite até garrafas pet e restos de tecidos. O ponto fixo no Centro da cidade não era suficiente para fazer as vendas e, por isso, ela continuava a ir às feiras da região.

A vida dela mudou em 2015 quando participou dos trabalhos para ornamentação junina, organizada pela Prefeitura de Arapiraca, no Parque Ceci Cunha. A cidade cenográfica se tornou uma atração na cidade, construída pelos artesãos da Fábrica dos Sonhos, uma iniciativa que reúne profissionais de diferentes artes para confeccionar as peças de ornamentação do município.

O trabalho foi recompensado e ela foi indicada para o Prêmio Mulher de Negócios do Sebrae, levando o Ouro na etapa estadual, na categoria Microempreendedor Individual. A conquista a habilitou para participar da cerimônia nacional, no início do mês de março, em Brasília. “Quando cheguei lá e vi tantas mulheres com dinheiro, pensei: o que estou fazendo aqui com a minha empresa de lixo?”, lembra.

Hoje, além de ter a própria empresa, ela presta serviço na Fábrica de Sonhos e ainda é voluntária no projeto Reciclarte que ensina crianças a pintar e aproveitar materiais recicláveis, gratuitamente, no Bosque das Arapiraca, iniciado em janeiro deste ano.  “A ideia é ensinar que qualquer material pode ser transformado em arte”, explica, orgulhosa.

Com sede na casinha, estrutura herdada da ornamentação natalina, o Reciclarte ainda precisa de muita ajuda. O espaço foi cedido pela Prefeitura, mas não há banheiro, nem água para lavar as mãos ou mesmo água potável para servir às crianças. Algumas empresas locais contribuem, a exemplo do Grupo Coringa, JS Serigrafia e Morada Construções, mas ainda falta muito coisa. “Tenho apenas uma assistente paga por um empresário local”, revela.

O projeto funciona às sextas, sábados e domingos, das 16h às 20h, e já chegou  a atender 50 crianças em apenas uma tarde. “A partir da segunda-feira (7), vamos funcionar todos os dias, mas de segunda à quinta-feira, ficaremos de 14h às 17h”, afirma.

Para Lucineide Bispo, esta é uma forma de descobrir novos talentos, conscientizar as crianças acerca da importância da reciclagem e oferecer um momento de diversão. “As crianças vêm para o Bosque, mas não têm nada para fazer. ‘Aqui, elas aprendem e também se divertem”, frisa.

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